Em um curto intervalo de tempo, Renan Gallina correu duas provas de velocidade e cruzou a linha de chegada com facilidade. Os dois ouros conquistados pelo atleta de 19 anos - um nos 200m rasos e outro fechando o revezamento 4x100m masculino -impressionou não só os brasileiros, mas também o continente durante os Jogos Pan-Americanos de Santiago.
Gallina foi destaque nas notícias da organização do evento que acontece na capital chilena. O ótimo desempenho no Pan, como o próprio atleta paranaense destacou, coroa uma temporada especial e aumenta as esperanças de sucesso brasileiro em provas de velocidade.
Neste ano, Renan Gallina ganhou a luz dos holofotes ao correr os 100m rasos em 10.01s em junho, antes de ser superado por Erik Cardoso (9.97s) e pelo atual recordista brasileiro Felipe Bardi (9.96s). Nunca um brasileiro havia corrido a distância em menos de 10s.
Em Santiago, o velocista superou o jejum de 24 anos sem vitória brasileira nos 200m rasos em Jogos Pan-Americanos. Ele levou o ouro ao completar a prova em 20.37s, superando o dominicano José González, que foi prata com 20.56s. A última conquista foi em Winnipeg-99, com Claudinei Quirino.
"São Jogos muito importantes para coroar uma temporada muito longa, mas também muito gratificante. São dois ouros em Pan-Americanos: no sub-20 e agora no adulto, e também um segundo ouro na prova dos 4x100m. É uma experiência surreal. E estou muito feliz por estar vivendo esse momento com a minha equipe e com o pessoal me apoiando tanto de casa como aqui também: minha família, minha mãe, meu padrinho, minha treinadora, todo mundo estava presente", celebrou Renan após competir as duas provas.
A organização de Santiago-2023 destaca Renan como um "novo ícone do Brasil que se tornou um dos principais protagonistas dos Jogos". O sucesso já é grande e as expectativas também, mas o próprio atleta confidenciou que ainda não assimilou tudo o que está acontecendo em sua carreira.
"Sinceramente, ainda não caiu a ficha. Eu gosto muito de correr, é uma paixão. Para mim, é gratificante correr, eu me sinto bem, eu estou confortável. Claro que tenho muito a melhorar, mas é com a temporada longa. Teve chuva na classificação e vários tiros no mesmo dia nas finais. É complicado, mas também um sacrifício que valeu a pena", pontuou.
Não é somente a qualidade técnica que faz Renan Gallina ser reconhecido como um dos principais destaques brasileiros neste Pan. O jovem tem carisma de sobra: foi comemorar os títulos com a torcida, recebeu o carinho dos chilenos e distribuiu sorrisos nas entrevistas com jornalistas.
Mãe de Gallina, Juliana é professora e contou que sempre lembrou ao filho da importância de ser amável com todos. Ela também lembrou que o filho sempre gostou de esporte e começou no futebol de salão. "Só que vou falar a verdade, o Renan era muito ruim jogando bola", comentou.
Mesmo assim a família não desistiu. Afinal, Renan nasceu predestinado a ser um esportista campeão. A ideia do nome do velocista vem do pai, que é muito fã de Renan Dal Zotto, medalhista olímpico e ex-técnico da seleção brasileira masculina de vôlei. Ele queria que o filho fosse tão vencedor como o xará.
Gallina não conseguiu nem dormir após as medalhas de ouro, já que só recebeu a premiação no dia seguinte. Agora, o atleta quer respirar e curtir as férias para, então, construir um desempenho ainda melhor e conseguir uma vaga em Paris-2024 - ele precisa atingir o índice olímpico de 20s16 para conseguir uma vaga nos 200m e 10s, nos 100m. E ele também pensa na equipe dos 4x100, que ganhou o ouro em Santiago com Rodrigo Nascimento, Erik Cardoso, Felipe Bardi e o próprio Renan.
Fato é que não tem como negar que o Brasil subiu um degrau a mais na velocidade masculina. Embora os resultados no Mundial não tenham sido satisfatórios, os desempenhos no decorrer da temporada mostram que o futuro pode ser bom. São dois brasileiros correndo abaixo de 10s, Renan se aproximando da marca e um revezamento consistente no Pan.