A primeira testemunha no julgamento de Oscar Pistorius pelo assassinato da modelo Reeva Steenkamp pode ter complicado a situação do atleta paralímpico ao apresentar uma versão bem diferente da defendida por ele. Na primeira audiência do caso, nesta segunda-feira, Michell Burger afirmou ter ouvido "gritos de gelar o sangue" de uma mulher antes de escutar o som de quatro tiros na noite em que o atleta sul-africano matou a sua namorada.
Michell Burger mora em um prédio perto da residência onde Pistorius vivia e disse que ela e seu marido acordaram durante a madrugada de 14 de fevereiro do ano passado, quando Pistorius matou Reeva Steenkamp com quatro tiros através da porta do banheiro de sua residência, ao ouvir gritos que antecederam os disparos.
Pistorius admite ter matado Reeva Steenkamp, mas disse que ele cometeu um terrível engano ao pensar que se tratava de um ladrão na sua casa. Os promotores acreditam que o atleta de renome mundial atirou em sua namorada depois de uma briga e depois tentou montar uma farsa para esconder que teve uma acalorada discussão antes dos disparos fatais.
Pouco antes do depoimento de Michell Burger, Pistorius se declarou inocente no início do julgamento. O testemunho de Michell Burger contradiz a versão dos fatos dada pelo atleta paralímpico, porque ele afirma que achava que Reeva Steenkamp estava na cama e nunca falou em gritos de uma mulher.
"Foi muito traumático", disse Michell Burger, em resposta às perguntas do promotor Gerrie Nel. "Se podia ouvir gritos que gelavam o sangue. Não se pode traduzir em palavras. A ansiedade em sua voz e o medo. Deixam você frio", afirmo Michell Burger. "Ela gritou terrivelmente e gritava por socorro", acrescentou, também declarando que ouviu um homem gritando por ajuda antes dos disparos.
O advogado de Pistorius, Barry Roux, abriu seu questionamento perguntando se Michell Burger achava que o paratleta era um mentiroso. Ela não respondeu diretamente com um sim ou não, mas repetiu o que recordou dos acontecimentos da naquela noite, com uma versão que deve complicar o acusado.
O julgamento de Pistorius está sendo acompanhado em Pretória por June Steenkamp, a mãe de Reeva, além de parentes do atleta paraolímpico, como o pai Henke, o irmão Karl e a irmã Aimée. A análise do caso começou com atraso de 1 hora e meia em razão de problemas de comunicação no tribunal e está previsto para durar dias. No total, serão 107 testemunhas, entre defesa e acusação.
O sul-africano de 27 anos, ganhou notoriedade ao ser o primeiro competidor paraolímpico a disputar uma edição da Olimpíada. Além disso, Pistorius possui oito medalhas paralímpicas, sendo seis de ouro.