A delegação chinesa abriu neste sábado o quartel general montado em São Paulo para os dias finais de preparação antes dos Jogos do Rio. Com muito sigilo, o comitê olímpico do país asiático apresentou pela manhã a estrutura organizada no Esporte Clube Pinheiros, onde 411 integrantes de 14 modalidades diferentes treinam com o objetivo de manter a delegação como uma das potências esportivas.
A comitiva formada por atletas, técnicos, tradutores, preparadores físicos e chefes de cozinha ficará na capital paulista ao longo de 22 dias. Há dois anos, os chineses começaram a negociar com o Pinheiros sobre a montagem do centro de treinamento e impuseram algumas exigências. A segurança do local foi reforçada e o clube investiu cerca de R$ 2 milhões para a compra de materiais como o ringue de boxe, tablado de ginástica, melhoria no aquecimento da piscina e a reforma da iluminação dos locais dos treinos de badminton e tênis de mesa.
"Nunca a China disputou uma Olimpíada em um país tão distante e com fuso horário tão diferente. Então, decidimos montar uma estrutura em São Paulo para nossa preparação ser efetiva", afirmou o diretor-geral do comitê olímpico chinês, Sun Yuanfu. Os asiáticos receberam os jornalistas, mas não abriram a possibilidade de perguntas. As entrevistas com os atletas foram vetadas. A delegação mostrou somente quatro dos ambientes de treino. A imprensa pôde ficar até cinco minutos em cada um dos locais, apenas para registrar imagens.
O país que conquistou 88 medalhas na última Olimpíada treina os atletas de elite no mesmo espaço de frequentadores do clube. Favoritos ao ouro no badminton, por exemplo, se preparam em um espaço montado dentro do salão de festas. O nado sincronizado usa uma piscina ao lado da destinada aos 38 mil sócios do Pinheiros. A delegação conta com o auxílio de 180 voluntários, todos sócios do clube.
O presidente do Pinheiros, Roberto Cappellano, explicou que a presença dos chineses não trouxe grandes alterações à rotina, apesar da presença nos arredores até de membros da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). "A maior dificuldade para nós foi a exigência deles com a comida, que tem de ser toda orgânica. Tivemos que arrumar contêineres para armazenar, porque é uma quantidade imensa", contou. Depois da saída dos chineses, o clube espera utilizar o investimento em estrutura para utilização dos sócios.
PASSEIO - Os disciplinados chineses estão hospedados em um hotel próximo ao clube, mas nos últimos dias aproveitaram para passear em um shopping na região. Os atletas fizeram compras no mercado e em lojas de materiais esportivos. Foi um dos poucos momentos livres da delegação. Rígidos, os asiáticos têm uma grande equipe de apoio. No caso do boxe, por exemplo, são 11 competidores para cinco treinadores.