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Com derrota sobre russos, vôlei masculino do Brasil não vai à final da Olimpíada

05 ago 2021 às 10:20

Uma das favoritas ao ouro em Tóquio, a seleção brasileira de vôlei masculino não conseguiu mais uma vez superar os russos, perdeu a semifinal de virada, por 3 sets a 1 (25/18, 21/25, 24/26 e 23/25), e ficou fora da disputa pelo ouro pela primeira vez desde Sidney-2000.


O time do técnico Renan Dal Zotto fracassou diante da seleção do Comitê Olímpico Russo, que já havia batido os brasileiros na fase de grupos por 3 a 0 -mesmo placar na Liga das Nações, em junho, na Itália.


O terceiro set foi crucial para o emocional dos atletas de Renan. O Brasil chegou a abrir 20 a 12, indicando que venceria com tranquilidade, mas deixou os adversários, eficientes no bloqueio e no saque, virarem e chegarem com o confiança no quarto e último set na Ariake Arena, que contou com a presença de integrantes da delegação brasileira, entre eles Ana Marcela, medalha de ouro na maratona aquática.


Agora, o Brasil vai disputar o bronze contra França ou Argentina, que jogam na manhã desta quinta-feira.


O oposto Wallace reconheceu a superioridade dos adversários e disse que o time brasileiro vai disputar o bronze como uma final. "Não tem muito o que falar, tem que dar os méritos para eles. A gente pecou em alguns momentos, não conseguiu rodar algumas bolas e isso pesa bastante", disse.


"Vamos jogar a disputa de terceiro como uma final para tentar medalha", afirmou. "Acho que eles tenham se adaptado à nossa forma de jogar e a gente não conseguiu mudar novamente. A gente tentou. Disso tenho maior orgulho desse time, a gente não largou momento algum".


A queda do time brasileiro ocorreu numa arena sem público pagante, por causa da pandemia da Covid-19, mas não sem torcida.


Além da campeã olímpica Ana Marcela, membros da delegação brasileira em Tóquio, que têm acesso às competições, concentraram-se num espaço de cadeiras da arena para apoiar a seleção de vôlei, com gritos de incentivo. Curiosamente, dezenas de voluntários locais, uniformizados, e seguranças sentaram-se nas arquibancadas para assistir à semifinal, dando uma pequena e rara sensação de torcedores.


A queda do Brasil em Tóquio tirou a seleção brasileira do que poderia ser sua quinta final consecutiva. Nas quatro edições anteriores, a seleção levou o ouro no Rio, em 2016, e em Atenas-2004. Ficou com a prata em Londres-2012 e Pequim-2008. O ouro veio em Barcelona-1992, oito anos depois da prata em Los Angeles-1984, que tinha Renan em quadra.


Campeão da Copa do Mundo de 2019, a seleção brasileira vinha sendo apontada como uma das principais equipes na briga por medalha em Tóquio. No entanto, não conseguiu se sobressair ante ao estilo de jogo dos russos, que são bem eficientes no bloqueio e apresentam consistência no saque.


Depois de passar pelo Japão nas quartas, o técnico Renan Dal Zotto disse que era o momento de tirar o estudo para encontrar uma alternativa de pará-los na semifinal.


Para dinamitar a muralha russa, a seleção precisaria contar com o passe do levantador Bruninho e finalizações certeiras dos ponteiros Leal e Lucarelli e do oposto Wallace.


Nesta quinta, a seleção fez um primeiro set quase impecável tanto na defesa quanto no ataque.


Diante do poderoso bloqueio russo, os brasileiros foram felizes na cobertura dos atacantes, e fecharam o primeiro set por 25 a 18.


Na segunda parcial, porém, os brasileiros cometeram erro. No último ponto, o ponteiro Kliuka encheu o braço, e o líbero Thales não conseguiu chegar na bola. Thales e Leal bateram boca em quadra, e Bruninho pediu calma.


O tempo fechou de vez para o Brasil a partir do terceiro set. O time controlava a partida, chegou a abrir 20 a 12, mas tomou uma virada de 26 a 24. Os atletas não conseguiam esconder o abatimento, assim como o técnico Renan.


Com a desvantagem, a seleção até teve forças para brigar de igual para igual com os russos no quarto e último set. A seleção chegou a 22 a 21, quando Iakovlev sacou para fora. Na sequência Leal errou o saque e Wallace manda para fora (23 a 22). Renan pediu tempo, era o tudo ou nada. Deu nada.


O russo Maxim Mikhaylov foi o maior pontuador da semifinal, com 22 pontos, e Leal ficou em segundo, com 18 acertos.
A última vez que o Brasil caiu na semifinal foi nos Jogos de Seul-1988, contra a Argentina. Na campanha do título em 2016, a seleção passou pelos russos na semifinal, uma espécie de revanche após os brasileiros perderem o ouro para eles em Londres.


Apesar da possibilidade do bronze, o elenco da seleção deixou Ariake Arena sem esconder a frustração. Havia grande expectativa de brigar pelo título olímpico depois de um ciclo com bons resultados, entre eles a Copa do Mundo de 2019.


O time se reencontrou neste ano, após a pandemia de Covid-19 cancelar a temporada de 2020. Conquistou a Liga das Nações, em junho, em Rimini, na Itália. Competição na qual a equipe verde-amarela também levantou a taça e foi comandada pelo auxiliar Carlos Schwanke.


O técnico Renan Dal Zotto, que contraiu o coronavírus em abril, só voltou a comandar a seleção em julho deste ano, a poucas semanas da estreia do Brasil contra a Tunísia.


Após 36 dias internado com quadro grave de coronavírus, ele cumpriu uma rotina rigorosa de recuperação física, com até três sessões diárias de fisioterapia, para conseguir chegar e trabalhar em Tóquio.


Renan, presente em três Olimpíadas como jogador, assumiu a seleção em janeiro de 2017 no lugar de Bernadinho e sob desconfiança: não conduzia uma equipe à beira da quadra há quase dez anos.


Substituir Bernardinho é uma tarefa das mais complicadas. No cargo por 16 anos, o treinador conduziu o Brasil a dois ouros (Atenas-2004 e Rio-2016) e duas pratas (Pequim-2008 e Londres-2012).

O Brasil alternou altos e baixos momentos ao longo da competição na capital japonesa. Dos cinco confrontos na primeira fase, perdeu somente para Rússia por 3 sets a 0 e demonstrou dificuldades de superar a marcação e o bloqueio dos europeus. Teve boa vitória contra os Estados Unidos, mas por pouco não foi derrotado pela Argentina e a França.


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