Se pela manhã os seis clubes que participam da Liga de Basquete Feminino (LBF) apresentaram suas reivindicações em uma entrevista coletiva em São Paulo, na tarde desta quinta-feira foi a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) que promoveu uma reunião, no Rio, para apresentar um suposto planejamento para a seleção brasileira feminina visando os Jogos Olímpicos de 2016.
No site oficial da CBB, a entidade não apresenta novidades, relatando apenas que a seleção joga o evento-testes da Olimpíada entre 15 e 17 de janeiro, no Rio. O fato novo é que o time fará dois amistosos, dias 12 e 13, contra Argentina e Austrália, rivais no torneio. Como o time supostamente se apresenta em 6 de janeiro, serão só sete dias de treinos.
O evento-teste, entretanto, não se encaixa como "data Fiba" e os clubes, supostamente, não têm a obrigação de ceder atletas. O "colegiado de clubes" promete não liberar as jogadoras se a CBB não inserir os técnicos dos seis times da LBF no "departamento técnico da CBB" e se os dirigentes destas seis equipes não forem autorizados a acompanhar a alocação dos recursos para o time feminino.
"É uma lástima que os clubes não tenham comparecido para conversarmos e nos defendermos do que vem sendo veiculado sobre a nossa falta de planejamento e desconhecimento do basquete feminino. Nosso planejamento para a Olimpíada está latente e muito bem planejado. Um dos motivos deste encontro hoje (quinta) era para discutirmos o planejamento que já estava pronto", reclamou o presidente da CBB, Carlos Nunes.
Mas não foram só os clubes que recusaram o convite para a reunião. Dos presidentes da três federações que têm times na LBF, só o de Pernambuco esteve presente. O Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico do Brasil (COB) também não enviaram representantes, assim como a Liga Nacional de Basquete (LNB, que organiza o NBB) e a própria LBF. O único dirigente presente era do Rio, que não tem times profissionais femininos.
Em reportagem publicada no site da CBB, a entidade cita várias declarações de dirigentes atacando os clubes. "Mais uma vez, ficou comprovado que essa situação só tem formato, não tem conteúdo. E como não há conteúdo a ser debatido pelas pessoas que levantaram essas questões, faz sentido a ausência delas", atacou Édio Soares, diretor-executivo da CBB.
"Quando assumi o departamento técnico em 2013, fizemos uma avaliação e entendemos que os problemas não eram com os treinadores. Então, chegamos ao nome do (Luiz Augusto) Zanon, que havia conquistado seis títulos nas últimas seis competições que havia participado. Convidamos o Zanon por mérito. É uma falta de caráter de outros treinadores ficar falando mal dele pela imprensa, buscando o lugar dele", reclamou Vanderlei Mazzuchini, diretor técnico. "O Zanon tem toda a nossa confiança", garantiu.
O único mea-culpa feito pela CBB, em declaração de Vanderlei, é que o planejamento de 2014 era que a seleção disputasse dois torneios internacionais, "mas pela falta de verba a CBB não conseguiu dar isso para a comissão técnica". A ida aos torneios estava coberta por convênio firmado com o Ministério do Esporte.