Maior medalhista paraolímpico da natação brasileira, o potiguar Clodoaldo Silva passou por uma situação inusitada nesta segunda-feira: confundiu a prova válida pela fase classificatória do Mundial de Eindhoven, na Holanda, nadou costas nos 50 metros borboleta e foi desclassificado. Enquanto executava o movimento, integrantes da seleção brasileira tentaram, sem êxito, avisá-lo sobre o seu equívoco. O nadador só se tocou da sua mancada a poucos metros da chegada e não havia mais o que fazer. Só lhe restou sair da piscina constrangido e em último lugar.
Chamado de "Tubarão" e comparado, tempos atrás, ao norte-americano Michael Phelps por causa dos seis ouros e uma prata conquistados na Paraolimpíada de Atenas, em 2004, Clodoaldo enfrenta uma fase difícil. Ficou quase dois anos longe das piscinas por causa principalmente de contusão nas costas e voltou a competir neste Mundial sem estar 100% fisicamente.
Até agora, deixou de ser aquela máquina de ganhar medalhas e, no segundo dia de competição, cometeu essa gafe inacreditável. Ele vive, realmente, uma nova realidade. Em sua estreia, no domingo, não brilhou como tantas outras vezes. Ficou em sexto lugar nos 50 metros livre na classe S5. Tão difícil quanto o seu momento foi explicar o erro desta segunda.
"Cheguei no parque aquático e me deu um branco. Meus técnicos e o Daniel Dias (atleta brasileiro que participou da disputa) me alertaram, disseram que a prova era borboleta, mas eu havia mentalizado que nadaria costas hoje (segunda). Não foi culpa deles e nem falta de concentração ou irresponsabilidade minha. Tem coisas que não tem explicação", disse Clodoaldo, atordoado com o vexame. "Só escutei que havia nadado errado no fim, mas já era tarde. Estou triste, mas só passa por isso quem está aqui".
Bem humorado, Daniel Dias, que ganhou mais uma medalha de ouro nesta segunda - a segunda na competição -, não perdeu a chance de brincar com o companheiro de seleção. "É bom que ele se preparou mais para a prova de costas de amanhã (terça)".