Faltam cem dias para que a pira da 32ª edição dos Jogos Olímpicos seja acesa em Tóquio, após o inédito adiamento do evento no ano passado em razão da pandemia.
O Brasil tem, até agora, 200 vagas garantidas para as competições, a mais recente nos 50 m livre da natação, conquistada por Bruno Fratus no último sábado (10). Ele completou uma prova nos EUA em 21s80 e, se nenhum outro brasileiro superar a marca na seletiva nacional, na próxima semana, confirmará sua vaga.
O país também já tem garantidas três equipes masculinas de revezamento nas piscinas e a nadadora de águas abertas Ana Marcela Cunha. Ela e Fratus devem brigar por medalha. Na Rio-2016, o bronze de Poliana Okimoto na maratona aquática foi o único pódio de nadadores brasileiros.
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No judô, também há indefinições. O Brasil teve resultados fracos nos principais torneios recentes. Rafaela Silva, medalhista de ouro no Rio, está suspensa por doping.
A principal esperança de medalha na modalidade é Mayra Aguiar (duas vezes medalhista olímpica, bicampeã mundial e 10ª colocada do ranking até 78 kg), que, no entanto, não compete desde 2020, quando sofreu uma lesão no joelho. Ela e Rafael Silva, o Baby (10º na categoria mais de 100 kg), foram bronze no Rio.
Para Tóquio, se classificam os 18 melhores no ranking do dia 28 de junho. No momento, o país tem 14 atletas (número máximo) nessa condição.
Nos estreantes surfe e skate, o Brasil também deve ter o máximo possível de atletas, respectivamente 4 e 12 vagas (as do skate ainda precisam ser confirmadas).
Pamela Rosa talvez seja a maior favorita para o ouro entre todos os atletas brasileiros, pelo seu domínio no skate street nos últimos anos. O Brasil detém a hegemonia da categoria e, com Rayssa Leal e Letícia Bufoni, pode até pensar em dominar o pódio. Pedro Barros, no park masculino, deve brigar por medalha. Como as competições internacionais estão paradas desde 2020, é provável que novos nomes surjam no retorno.
Do mar vem mais dois favoritos, Italo Ferreira e Gabriel Medina, os dois últimos campeões mundiais de surfe, respectivamente líder e vice-líder da atual temporada.
Se na Rio-2016 o Brasil foi ouro no boxe com Robson Conceição, desta vez é Beatriz Ferreira, atual campeã mundial até 60 kg e estreante em Jogos, que deve, literalmente, lutar por um ouro.
Na vela, o sobrenome Grael é quase um sinônimo do esporte no Brasil. Junto com Kahena Kunze na classe 49er FX, a velejadora Martine Grael tentará repetir o feito do pai, Torben, bicampeão olímpico –com o diferencial de poder fazer isso de forma consecutiva, após o ouro na Rio-2016. Ela é também sobrinha de Lars, duas vezes bronze.
A preparação para o Japão em meio à pandemia tem sido ainda mais complexa, com a logística necessária para transportar um barco de 130 quilos. "A dificuldade de transitar entre diferentes países têm deixado a nossa preparação mais limitada a um lugar, logo a uma condição de mar e vento. Normalmente estamos procurando novos locais para treinar essa adaptação", diz Martine.
Outro que tentará repetir o brilho de cinco anos atrás é Isaquias Queiroz, dono de três medalhas na Rio-2016. Ele foi campeão mundial em 2019, na categoria C1 1.000 m, e medalhista de bronze na C2 1.000 m, junto com Erlon Souza.
O Brasil teve duas pratas e um bronze na ginástica artística em 2016. Para a próxima Olimpíada, o campeão olímpico de Londres-2012 e prata no Rio, Arthur Zanetti, tentará ser o primeiro na história a ter três medalhas nas argolas.
A preparação, no entanto, não tem sido ideal. Zanetti já enfrentou turbulências no clube onde treina, em São Caetano. Além disso, os ginastas brasileiros estão há meses sem competições oficiais.
O Brasil tem até agora cinco atletas garantidos: quatro da equipe masculina, que deve ter também Arthur Nory, campeão mundial em 2019, e Flavia Saraiva. Rebeca Andrade poderá ser a sexta integrante da delegação brasileira se confirmar seu favoritismo no classificatório Pan do Rio, em junho.
No vôlei, os elencos da seleção feminina, do técnico José Roberto Guimarães, e da masculina, comandada por Renan Dal Zotto (em isolamento após teste positivo de Covid), começaram a se encontrar a partir deste mês.
Há uma expectativa maior sobre o desempenho da equipe masculina, enquanto as mulheres deixaram como última impressão a instabilidade e tiveram uma importante baixa. Vice-campeã na Liga das Nações em 2019, a equipe terminou com a sétima colocação no Mundial de 2018. Thaisa, bicampeã olímpica e destaque da última Superliga, se aposentou da seleção na semana passada.
Para Natália, Sérvia, EUA e China são as principais candidatas por medalhas. "Mas, nesses últimos meses, estou bem confiante. Temos as voltas da Dani Lins, Fernanda Garay, Carol Gattaz. Jogadoras experientes e que vão lutar por uma vaga dentro do grupo, podendo ajudar muito a nossa seleção", afirmou a ponteira, que defende o Dínamo Moscou (RUS) e foi campeã em Londres-2012.
Antes de Tóquio, o Brasil mede forças na Liga das Nações, entre maio e junho, na Itália. Natália acredita que o tempo será suficiente para estancar os altos e baixos do time. "Todas as convocadas têm jogado em suas equipes. É como andar de bicicleta, nunca se perde a conexão."
O vôlei classificou todos os atletas possíveis: as seleções masculina e feminina na quadra e quatro duplas na areia (Ágatha e Duda, Ana Patrícia e Rebecca, Alison e Álvaro Filho e Bruno Schmidt e Evandro).
Na Rio-2016, Alison e Bruno formaram a dupla campeã olímpica. Ágatha, ao lado de Bárbara Seixas, ficou com a prata. Nas quadras, a equipe masculina também foi ouro.
Além dos esportes em que o país tem favoritos claros à medalha, há vários outros em que pode subir ao pódio. No atletismo, por exemplo, Darlan Romani (arremesso de peso), o revezamento 4 x 100 m masculino, Erica Sena (marcha atlética) e Alison dos Santos (400 m com barreiras) acumulam bons resultados recentes. Assim como o trio do taekwondo: Milena Titoneli, Icaro Miguel e Netinho.
Existem ainda possibilidades de conquistas inéditas na esgrima (com a campeã mundial Nathalie Moellhausen e Guilherme Toldo), no ciclismo MTB (Henrique Avancini), no levantamento de peso (Fernando Reis) e no tênis de mesa (Hugo Calderano).