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Brasil corre risco de não ter piloto na F-1 em 2014

07 set 2013 às 16:17

A perspectiva de o Brasil ter um piloto no grid da Fórmula 1 no ano que vem ficou ainda menor depois dos acontecimentos no fim de semana em Monza, até agora. Apesar do ótimo treino de classificação de Felipe Massa, quarto com o carro da Ferrari, na frente por exemplo do companheiro, Fernando Alonso, as indicações novas que emergiram sugerem que este será seu último ano na equipe italiana. Mas ainda a questão não está fechada.

E o outro brasileiro com chances de correr na Fórmula 1 em 2014, o brasiliense Felipe Nasr, de 21 anos recém completados, enfrentou um sábado bastante difícil na primeira corrida da GP2. Abandonou por causa da quebra do motor do carro da Carlin.


O preço foi alto: caiu de segundo na classificação, cinco pontos atrás do então líder, o monegasco Stefano Coletti, da Rapax, para quarto, preocupantes 23 pontos atrás do novo líder, o suíço Fabio Leimer, da Racing. O campeonato terá ainda a corrida de amanhã, a partir da 5h30 de Brasília, e as duas provas de Cingapura e Abu Dabi. Sem o título da GP2 e ao menos uma vitória na temporada a Fórmula 1 se torna uma realidade mais distante para Nasr, talentoso piloto.


Há quem interprete as recentes demonstrações de irritação de Fernando Alonso como um sinal de que Stefano Domenicali já lhe comunicou, sem consultar, que Kimi Raikkonen poderá ser o seu companheiro em 2014. Ontem o espanhol afirmou no rádio no fim da classificação que os responsáveis por decidir a estratégia eram uns "tolos". Ficou em quinto, uma posição atrás de Felipe Massa.


Algumas traduções definiram "scemi", a palavra usada por Alonso, como "idiotas". Na cultura italiana, usar a palavra scemo, plural scemi, não representa uma ofensa como é o caso de idiota. E a palavra scemo é utilizada com frequência mesmo entre amigos, no sentido de "não seja tolo" que em italiano seria "non fare lo scemo". De qualquer forma, Alonso expôs publicamente outra reprovação ao grupo de trabalho, ainda que sem a virulência do termo idiota e as palavras pronunciadas na Hungria, ainda mais duras.


Até antes do início do GP da Itália, a possibilidade de Domenicali e o presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, decidirem-se por Raikkonen era considerada por muitos como menor da contratação do alemão Nico Hulkenberg, da Sauber, e mesmo a extensão do compromisso com Massa. Mas o que circulou no paddock no primeiro dia de treinos em Monza, ontem, e neste sábado, em que Sebastian Vettel, da Red Bull, estabeleceu a pole position da 12.ª etapa do campeonato, é a inversão dessa perspectiva.


Raikkonen estaria mais próximo da Ferrari do que se poderia supor, embora é certo que nada foi definido, ainda. O finlandês tem grande vontade de voltar a trabalhar na escuderia de Maranello por não confiar que a Lotus possa produzir um carro vencedor em 2014 e em razão de o time não ter lhe pagado, ainda, os bônus por pontos conquistados este ano. E é muito dinheiro: 6,7 milhões de euros, ou R$ 20,1 milhões (50.000 x 134), de acordo com o comentário no paddock, provavelmente procedente.


Sem ter como pagá-lo, como acreditar que diante de mudança tão radical do regulamento a Lotus poderá competir contra times de orçamento muito maior e há tempos já investindo nos estudos dos desafios de 2014?


Mas se a Ferrari fizer como a Red Bull, que conversou com Raikkonen, seu empresário Steve Robertson, e no fim nem sequer lhe ligou para dizer que havia sido preterido e o contratado seria Daniel Ricciardo, Raikkonen não terá opção a não ser permanecer na Lotus.


Já se Domenicali o chamar depois da prova de Cingapura, antes da etapa dupla na Coreia e no Japão, quando todos regressam à Europa, para acertar os detalhes da contratação, como muita gente hoje na Fórmula 1 acredita, então Hulkenberg será, da mesma forma, convidado a ir a Enstone, na Inglaterra, sede da Lotus, falar mais sério com Eric Boullier, chefe da equipe.


Esse cenário mostra a situação difícil de Massa na Ferrari. Seu nome não surge também como eventual candidato numa outra escuderia. Ou é na Ferrari ou provavelmente em nenhum outro lugar. Mas, claro, sempre há espaço para arranjos que conciliem os mais distintos interesses e Massa acabe numa equipe. Pouco provável, mas não impossível.


Assim como Nasr pode reverter a perspectiva ruim no fim da temporada da GP2, apesar de Carlin ter ficado para trás em relação à equipe Racing de Leimer e a Russian Time de Bird. Competência não falta ao brasiliense.

Com tantos fatores desfavoráveis, é possível se afirmar hoje: no campo das probabilidades, o Brasil está quase atingindo a preocupante fase "das chances matemáticas" apenas de ter um representante na Fórmula 1 em 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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