A participação de Roberval Andrade na primeira etapa do Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck, no dia 10 de março no circuito gaúcho de Tarumã, chamou atenção pelo modelo de seu novo Scania. O piloto paulista da Ticket Car Corinthians Motorsport levou à pista um caminhão construído com base no T420, um modelo "bicudo", com o compartimento de motor avançando além da linha do parabrisa vertical.
Andrade vinha competindo com versões do caminhão de cabine linear, conhecido como "cara-chata". Dos 23 caminhões que largaram para a etapa no Rio Grande do Sul, apenas dois são "bicudos" – o outro é o Mercedes-Benz do gaúcho Régis Boessio. A adoção do caminhão de frente estendida, opção que utilizou na Truck entre 2000 e 2007, foi parte da estratégia com que a equipe paulista busca recuperar rendimento.
"Esse tipo de caminhão permite uma distribuição de peso mais eficiente, e o trabalho para aproveitar essa característica foi a forma que encontramos para compensar a nossa defasagem de potência", explica o piloto, campeão da Truck em 2002 e 2010. "Em 2010 nós tínhamos o kit biturbo, que foi eliminado pelo regulamento de 2011. Hoje nós não temos um motor tão forte, por isso a aposta no novo modelo", acrescenta.
Foi uma aposta acertada, na avaliação de Andrade. "A montagem desse caminhão só foi concluída na sexta-feira da primeira etapa. Enquanto todos já estavam treinando em Tarumã, a equipe estava finalizando o trabalho na sede em São Paulo para viajar durante a noite toda até Viamão. Só conseguir entrar na pista no último dos quatro treinos livres, mas no fim, mesmo com toda essa dificuldade, vimos que a opção foi certa".
Apesar de não ter aproveitado a programação de treinos livres, Andrade conquistou o segundo lugar no grid de largada da etapa gaúcha. Mantinha-se em segundo até que a mangueira do radiador se soltou, provocando aumento da temperatura do motor. "Eu fui diminuindo o ritmo para ver se conseguir ir até o fim da corrida, mas a situação chegou a um ponto em que, se eu insistisse, o motor quebraria. Preferi parar", recorda.
O rendimento do novo caminhão, batizado como F8 por ter sido o oitavo Fórmula Truck construído pela equipe, deixou Andrade satisfeito. "O caminhão nasceu competitivo e com bastante potencial para desenvolvimento", anima-se, já prevendo uma condição favorável na segunda etapa da temporada, marcada para dia 7 de abril na cidade paranaense de Londrina – a corrida no Autódromo Internacional Ayrton Senna terá em disputa o GP Crystal.
"Gosto muito da pista de Londrina. É a pista onde costumamos fazer os testes da equipe, embora não tenhamos testado com esse novo caminhão. Foi em Londrina, em 2010, que quebrei um tabu, também", recorda o bicampeão. "A pista é travada e, na época, os caminhões pequenos, com entreeixos mais curtos, acabavam tendo vantagem, vinham dominando a etapa há anos, mas venci a corrida com um caminhão grande", frisa.
Outro ponto positivo apontado por Roberval Andrade foi o desempenho de seu novo companheiro de equipe, o também paulista Ronaldo Kastropil, que terminou a etapa gaúcha em décimo lugar. "O Ronaldo tem uma virtude, que é a paciência no aprendizado. Ele sabe que tem de aprender, pegar a manha do caminhão, e o resultado dele foi excelente. Ele tem muito potencial para figurar no pelotão da ponta a curto-médio prazo", aponta.
Os treinos para Londrina terão início na manhã de 5 de abril, sexta-feira. A corrida de domingo terá transmissão ao vivo em HD pela Rede Bandeirantes.