A lista de decepções do Brasil ganhou neste domingo mais um integrante. Robert Scheidt e Bruno Prada fizeram escolhas erradas na medal race, regata decisiva da classe Star, terminaram a prova em sétimo entre dez barcos e acabaram apenas com a medalha de bronze. O ouro acabou com os suecos Fredrik Loof e Max Salminen e a prata com os britânicos Iain Percy e Andrew Simpson.
Para faturarem o ouro, os brasileiros precisavam chegar cinco posições à frente dos britânicos e no máximo uma atrás dos suecos. Mas Loof e Salminen venceram a regata e ficaram aguardando a chegada dos barcos de Brasil e Grã-Bretanha. No fim, os brasileiros passaram os britânicos, cruzaram em sétimo, uma posição à frente dos donos da casa, e tiraram o ouro dos seus maiores rivais. Os britânicos se importaram tanto com Scheidt e Prada que acabaram perdendo o ouro, que seria o terceiro da carreira de Percy.
A medalha faz Robert Scheidt empatar como Torben Grael como maior medalhista olímpico da história do Brasil, com cinco pódios para cada um. Scheidt leva vantagem por ter duas de ouro, duas de prata e uma de bronze, enquanto Torben soma dois ouros, mas uma prata e dois bronzes.
Robert Scheidt, porém, segue sem conseguir o que Torben atingiu duas vezes: o ouro na Star, classe há mais tempo no programa olímpico, tida como aquela que atrai os melhores velejadores do mundo. Depois de ser duas vezes campeão na Laser, Scheidt migrou para a Star no último ciclo olímpico, mas perdeu para os britânicos tanto em Pequim quanto em Londres.
Essa foi a última vez que a Star participou de uma Olimpíada. A classe, que estava no programa desde os Jogos de Los Angeles/1932, será substituída, nos Jogos do Rio/2016, pelo catamarã Nacra 17, em competição que vai voltar a ser mista, com dois atletas por barco.
Campanha. Os brasileiros só lideraram o primeiro dia de competições. No domingo passado, eles ficaram em quarto lugar na primeira regata e venceram a segunda. Na ocasião, comemoraram que Percy e Simpson terminaram apenas na 11.ª posição a primeira regata. Na segunda, uma grande polêmica. Os dois principais rivais cruzaram a linha de chegada juntos. A organização demorou a decidir quem ganhou. Deu a vitória aos brasileiros, mudou de ideia, voltou atrás, e acabou definindo que foi mesmo Scheidt e Prada que chegaram na frente.
Já na segunda-feira os britânicos pularam para a liderança, aproveitando-se de um dia ruim dos brasileiros, que obtiveram um nono e um sexto lugares e despencaram para a quarta posição na classificação geral. Percy e Simpson mantiveram a regularidade, com um segundo e um terceiro lugares.
Na segunda regata daquele dia, a quarta da programação, também houve igualdade no relógio. O barco do Brasil cruzou a linha de chegada empatado com Noruega e Irlanda, mas a organização apontou os brasileiros atrás destes rivais.
Ao fim da sexta regata, na terça, os descartes já começaram a contar e quem se deu bem com isso foram os britânicos, que jogaram fora o 11.º lugar do primeiro dia e ficaram com 10 pontos perdidos, quatro a menos que os brasileiros. Naquele dia, tanto Brasil quanto Grã-Bretanha somaram uma vitória e um segundo lugar.
Depois de um dia de folga, a competição voltou na quinta-feira, num péssimo dia para os brasileiros, que obtiveram um terceiro e um quinto lugares e viram crescer de quatro para nove pontos a distância que os separava dos líderes britânicos.
Precisando se recuperar no último dia da fase de classificação, sexta, Scheidt e Prada venceram a nona regata, diminuindo para seis pontos a distância para os britânicos. Mas depois, na décima e última regata, vitória de Percy e Simpson, com os brasileiros apenas em terceiro. Com isso, ficaram com 26 pontos perdidos, oito a menos que os donos da casa e quatro a mais que os suecos.