O feito histórico obtido nesta quarta-feira não impediu que a pugilista Adriana Araujo disparasse uma série de críticas contra a estrutura do esporte no Brasil. E o alvo principal foi o presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Mauro José da Silva.
Após perder para a russa Sofya Ochigava e ficar com o bronze na Olimpíada de Londres, a primeira medalha na modalidade desde que o peso mosca Servílio de Oliveira ganhou outro bronze no México, em 1968, Adriana disparou em tom áspero contra o dirigente: "Essa medalha serve para calar a boca do presidente da Confederação, que nunca acreditou em mim e no boxe feminino".
A principal reclamação da medalhista seria porque, durante a preparação, foi impedida por Silva de treinar com seu técnico Luis Dórea, um dos principais nomes da modalidade e que já comandou Acelino Popó Freitas. Atualmente, ele treina também Anderson Silva e Junior Cigano, do MMA.
A influência de Dórea pode, inclusive, levar Adriana a reorientar sua carreira mesmo após o bronze olímpico. Em 2016, disse que irá ao Rio apenas para "passear". Ela pretende agora ir para o boxe profissional ou para o MMA, o que explicaria parte de seu desabafo.
Adriana comentou ainda sobre a falta de estrutura do boxe feminino brasileiro. E garantiu esperar que a medalha possa mudar a situação. "Espero que essa medalha dê condições ao boxe feminino de ganhar respeito e credibilidade".
Sobre o embate desta quarta-feira, a brasileira reconheceu a superioridade da russa. "Tinha uma estratégia (de lutar no contra-ataque) e tentei colocar em prática. Acho que no primeiro assalto tive êxito, mas, depois, ela foi melhor na luta", finalizou Adriana.