O governo federal apresentou na quinta-feira (3) relatório com recomendações para o combate ao racismo no esporte. Criado em junho, o grupo técnico autor do relatório é composto por integrantes dos ministérios do Esporte, da Igualdade Racial e da Justiça e Segurança Pública.
As propostas incluem ações voltadas para entidades esportivas, atletas, torcidas e sistema judiciário.
Monitoramento dos estádios
Leia mais:
'Convivo desde que nasci', diz Vinicius Jr. ao minimizar pressão
Governo proíbe publicidade de apostas online para crianças e adolescentes
Seleção Brasileira tenta acabar com jejum contra o Uruguai nesta terça-feira
Série C de 2025 vai ter quatro paulistas e oito clubes do Nordeste
Uma delas é um acordo de cooperação técnica entre o Ministério da Justiça e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Segundo o secretário de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Marivaldo Pereira, a ideia é a implantar uma ferramenta nos estádios que permita às autoridades públicas identificar quem comete atos racistas durante as partidas de futebol.
“O que se busca não é a punição, mas sim inibir a prática do ato. Esse tipo de tecnologia vem demonstrando que quando a pessoa sabe que ela pode ser identificada, que a imagem dela está ali e que o ato dela tem consequência, isso ajuda, muitas vezes, a inibir a prática do crime”, explica.
De acordo com o secretário, a ferramenta passou por um teste conceito no Maracanã, no Rio de Janeiro, e o acordo deve ser concluído ainda este mês.
Outras medidas
A ministra do Esporte, Ana Moser, pontuou que outras ações sugeridas pelos técnicos devem ser implantadas neste segundo semestre, como confecção de bandeirões em conjunto com a Anatorg (Associação Nacional das Torcidas Organizadas), criação de selo e prêmios para entidades esportivas antirracistas e levantamento de dados sobre racismo nas atividades esportivas.
“O esporte é um vetor de projeção de comportamento, sentimentos e práticas da sociedade”, diz.
No documento, o grupo recomenda ainda implantação de espaços de manifestação para atletas, atendimento psicológico aos desportistas negros, organização de debates e publicação de cartilhas direcionadas aos torcedores, criação da Autoridade Nacional para Prevenção e Combate à Violência e à Discriminação no Esporte ou órgão similar, além de adoção de dispositivos antirracistas no esporte amador, de lazer e escolar.
Conforme Ana Moser, os trabalhos do grupo devem ser prorrogados por 45 dias.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, frisa que as ações no âmbito do Programa de Combate ao Racismo no Esporte irão perpassar pela realidade de crianças, jovens, atletas e técnicos que lidam diariamente com preconceito e discriminação.
“Quando a gente fala de [combate ao] racismo no esporte, a gente fala de como criar condições para as crianças que não têm acesso a se manterem nesses espaços. Não é somente a gente pensar em campanhas, seminários, monitoramento, estudo e aplicabilidade das leis. Não pode ser só isso, por isso é um programa nacional”, pontua. “É uma construção de ações concretas que a gente vai viabilizar, não somente entre ministérios, mas com escutas também”.