O técnico Tito Vilanova rompeu o silêncio e voltou a dar entrevistas nesta sexta-feira, após 97 dias longe dos microfones, fruto da recuperação de um câncer na garganta. E o comandante do Barcelona decidiu falar em meio a um momento delicado da equipe, que se vê às vésperas de garantir seu 22.º título espanhol, mas que precisa de um milagre para não ser eliminada da Liga dos Campeões da Europa, após ser goleada por 4 a 0 pelo Bayern de Munique no primeiro jogo das semifinais.
"Encontro-me muito bem depois de passar por um processo como o que eu passei. Se não voltei a falar antes é porque tinha efeitos secundários como o da voz, mas a cada dia me encontro melhor e com mais vontade. Estava desejando estar aqui de novo com vocês", disse Vilanova em suas primeiras palavras na sala de imprensa. A última vez que ele tinha falado com imprensa foi no dia 19 de janeiro, pouco antes de ir para Nova York tratar seu câncer.
O treinador voltou aos trabalhos há cerca de um mês e dirigiu a equipe pela primeira vez no dia 2 de abril, nas quartas de final da Liga dos Campeões diante do Paris Saint-Germain. No período em que ficou fora, foi substituído pelo auxiliar Jordi Roura, mas agora garantiu estar pronto para seguir trabalhando e continuar no comando do Barcelona na próxima temporada.
"Sinto que tenho forças para seguir sempre, desde que a saúde siga me ajudando. Nunca tive o pensamento de deixar o trabalho. Quando estou em casa dois dias seguidos, de folga, fico entediado. Treinar é minha vida. Vivo de forma muito natural e não carrego nenhum peso. Os médicos me disseram o contrário, inclusive, para seguir trabalhando. Então continuarei com certeza", comentou.
Coincidência ou não, o Barcelona caiu de produção após a saída de Tito Vilanova, que havia quebrado um recorde no primeiro turno do Campeonato Espanhol ao conseguir 55 de 57 pontos possíveis. Desde então, o time perdeu duas vezes para o rival Real Madrid, foi eliminado na Copa do Rei e precisa de uma goleada histórica para se classificar à decisão da Liga dos Campeões.
"O fato de não poder me comunicar com os jogadores diretamente, cara na cara, pode ter afetado, mas devo agradecer o (Jordi) Roura por seu compromisso. Sua autogestão é uma história", disse, antes de comentar o duelo de volta com o Bayern, que acontecerá na próxima quarta, no Camp Nou. "Se sairmos buscando os quatro gols, não os faremos. Temos que tentar ganhar, competir, e depois ver o que acontece. Temos que fazer uma boa partida em casa e não jogar a toalha."