O vice-presidente do Grêmio, Nestor Hein, criticou duramente a decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que nesta sexta-feira confirmou a eliminação do clube da Copa do Brasil. Insatisfeito, o dirigente chamou o STJD de "tribunal de exceção", que quer julgar racismo mesmo sem perceber que na própria corte "tinha um racista entre cinco pessoas".
Hein se referiu a Ricardo Greiche, um dos cinco auditores que condenou o clube no primeiro julgamento, no início do mês. Um dia após a sessão da 3ª Comissão Disciplinar, imagens publicadas no perfil, que supostamente pertenceria a ele numa rede social, geraram polêmica e causaram o afastamento provisório do auditor.
"Neste tribunal, em primeira instância, já fomos julgados por um auditor racista, que na tranquilidade de sua casa colocou uma foto de uma criança negra com uma tampinha de Pepsi Cola na sua cabeça. O que você poderia esperar de um tribunal como este? Eles não perceberam que tinha um racista entre cinco pessoas, nós temos que perceber que tem racista dentro de 32 mil torcedores?", indagou Hein nesta sexta, logo após o julgamento do caso no Pleno do STJD.
O dirigente gaúcho avaliou que a mudança da pena, de exclusão sumária para perda de pontos, teve "um aspecto bom", já que, em sua avaliação, "não pesa mais sobre o Grêmio uma exclusão da Copa do Brasil". Mesmo assim, insistiu nas críticas.
"Ao tribunal, como disse o presidente Fábio Koff, sobra consciência individual e falta de consciência jurídica. Ficou mais do que comprovado que foram cinco pessoas que cometeram esse delito gravíssimo - e devem ser punidas. Agora, punir todos os gremistas que estavam no estádio ou não estavam com a Copa do Brasil, me parece uma demasia", avaliou. "O tribunal, mais uma vez, honra suas tradições de ser um tribunal de exceção."
PROTESTO - Na saída do prédio onde está instalado o STJD, Nestor Hein demonstrou inconformismo com um manifestante que segurava um cartaz com os dizeres "Não ao Grêmio! Não ao Racismo". O dirigente conversou com ele por cerca de um minuto. "É uma generalização grosseira que não posso concordar. Mas ele tem direito de se manifestar", disse Hein.
O cartaz era segurado pelo estudante de direito Leonardo Cavalcante, de 21 anos. Ele afirmou que não participa de nenhuma ONG e que estava lá por vontade própria. "A reintrodução do Grêmio na Copa do Brasil seria uma vitória da sociedade brasileira, que é a mais racista que existe, maquiada pela miscigenação. Hoje o Aranha está para o gramado como Zumbi estava para os quilombos", declarou Cavalcante.
"Não quero dizer que todos os torcedores do Grêmio são racistas, mas uma maioria absoluta difamou e xingou o Aranha no estádio. E no retorno dele [ao estádio], pelo Campeonato Brasileiro, a mesma torcida o vaiou", afirmou o manifestante.