Os quatro candidatos ao título do Campeonato Brasileiro seguiram roteiros parecidos nesta semana decisiva: treinos fechados, concentração em locais distantes e cercados de superstição, jogadas ensaiadas, discursos afinados para a imprensa, frases de efeito, prêmios extras, cuidados com alimentação. Vale tudo para ser campeão.
O líder São Paulo, acostumado a erguer troféus nos últimos anos, resolveu não inventar para o duelo contra o Goiás, em Goiânia. Como normalmente dá certo, manteve alguns treinos táticos fechados durante a semana e marcou o início do período de concentração para a noite desta sexta. Conviveu também com baixas, como as suspensões de Borges, Dagoberto, Miranda e Richarlyson.
O vice-líder Flamengo, que faz clássico contra o Corinthians, em Campinas, tentou antecipar a concentração para quinta-feira, em Atibaia, mas não conseguiu voo. Se viu obrigado a manter a rotina e viajar só nesta sexta, dois dias antes da partida, como normalmente faz. Manteve a rotina de treinos fechados na quinta e nesta sexta, e sofreu uma baixa inesperada: o artilheiro Adriano, com queimadura no pé esquerdo, está fora.
Para evitar polêmica desnecessária na semana decisiva, a discussão sofre prêmio extra, o famoso "bicho", ocorreu há 15 dias, logo após a vitória sobre o Náutico, no Recife. O meia Petkovic reivindicou que a premiação de R$ 60 mil por quatro pontos em dois jogos (vitória e empate) fosse aumentada no caso de duas vitórias (seis pontos). O goleiro Bruno, interlocutor entre os atletas e a diretoria, conversou com o grupo e ficou decidido que nada mudaria. Já o técnico Andrade optou pela milenar medicina chinesa e fez acupuntura.
No Internacional, 3.º colocado e que de repente entrou na briga pelo título, o técnico Mário Sérgio tratou de antecipar a viagem para o Recife em um dia. Nas rodadas anteriores, o time se deslocava nas sextas-feiras e fazia um treino leve no sábado. Desta vez desembarcou na quinta, treinou no Estádio do Arruda nesta sexta e se exercita de novo neste sábado, no Estádio dos Aflitos.
A ideia foi manter o time reunido, sentido o clima da cidade e concentrado exclusivamente no jogo. O restante da rotina foi o mesmo de semanas anteriores, com treinos secretos e mistério na escalação. Mesmo assim, não há dúvidas. O técnico Mário Sérgio usará os mesmos jogadores que venceram o Santos e o Atlético Mineiro. O zagueiro Bolívar foi julgado e liberado para jogar.
No Palmeiras, o técnico Muricy Ramalho não é adepto de concentrações, mas resolveu levar o time para longe de São Paulo. Em Itu, os jogadores ficam reclusos e longe da torcida. Após dias conturbados, o elenco aprovou o refúgio. "Estávamos precisando ficar juntos. Não é um costume nosso (sair da capital), mas lá eles têm dificuldades de se alimentar bem. Os jogadores estão confiantes, até agora está ótimo", disse.
Muricy apostou nos treinos táticos e técnicos. O trabalho físico, no momento, ficou de lado. Nesta sexta, por exemplo, os jogadores treinaram bastante cruzamentos e finalizações - o time tem falhado nos fundamentos.
A ideia é que o Palmeiras viaje para o interior na semana que vem, nos dias que antecederem a rodada final, domingo à tarde, contra o Botafogo, no Rio.