Seis dias depois do acidente que provocou a morte do operário Fábio Hamilton da Cruz, vítima de uma queda de aproximadamente oito metros enquanto ajudava na montagem das arquibancadas provisória da Arena Corinthians, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, voltou a lamentar, nesta sexta-feira, por meio de sua coluna mensal, o episódio que provocou a interdição desta área da obra.
E, embora as obras ainda não tenham sido retomadas neste setor, o dirigente exibiu um discurso positivo ao falar sobre os prazos que precisam ser cumpridos em meio a este momento de indefinição do palco do jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014.
O dirigente acredita que o impasse vivido na Arena Corinthians não impedirá o cumprimento dos prazos e a realização de eventos-teste no local até o meio do próximo mês. "Considerando-se o estágio de montagem e das instalações complementares no estádio do jogo de abertura, estamos confiantes de que o impacto (do acidente e a consequente interdição) sobre o cronograma será limitado e que o estádio estará pronto para receber os eventos-teste até a metade de maio.
E a realização dos testes é fundamental e contínua em diversos estádios por todo o País, assim como aconteceu em Manaus na quinta-feira, quando alguns aspectos operacionais da Copa do Mundo foram implementados", completou Valcke, se referindo ao jogo entre Resende e Vasco, na Arena Amazônia, pela Copa do Brasil.
Já ao comentar o falecimento de mais um operário nas obras da Arena Corinthians, o francês lembrou que este foi apenas mais um dos acidentes que já provocaram oito mortes nas obras da Copa, sendo que três delas ocorreram na capital paulista.
"Eu estava, e ainda estou, muito triste com o trágico acidente ocorrido em São Paulo. A segurança é um item essencial e a nossa maior prioridade, seja durante a construção ou durante o evento em si. Os meus pêsames vão para a família e os colegas de Fábio Hamilton da Cruz. Ao longo dos últimos meses, algumas fatalidades de cunho bastante trágico ocorreram nas construções no Brasil, e eu, como pai de família, sinto-me muito tocado", disse Valcke, em um trecho de sua coluna.
BEIRA-RIO E ARENA DA BAIXADA
Ao comentar nesta sexta sobre os preparativos do Beira-Rio e da Arena da Baixada, o dirigente fez elogios à evolução das obras nestes dois estádios, e desta vez usou um tom menos severo do que o habitual ao cobrar empenho na continuidade dos trabalhos para que os prazos sejam cumpridos.
"À medida que entramos juntos na reta final, a maior parte dos preparativos já está bastante avançada. Contudo, ainda resta trabalho para os próximos 69 dias, e seguimos mantendo a nossa colaboração junto às partes envolvidas no Brasil de modo a assegurar que todo o necessário para que as partidas sejam realizadas com sucesso esteja disponível. Essa é a nossa responsabilidade para com os cerca de 2,6 milhões de torcedores que compraram ingressos até o momento e para com as 32 seleções. As coisas estão evoluindo rapidamente em Curitiba e Porto Alegre - dois dos três maiores desafios que estamos enfrentando", enfatizou Valcke, que em outro trecho de sua coluna destacou a importância de um "esforço conjunto de todas as partes" para que seja possível oferecer "o melhor nível de serviço apesar do cronograma apertado".
NOVA ERA
O tom de otimismo de Valcke em relação ao Brasil ficou claro logo no início de sua coluna publicada nesta sexta. Ele lembrou que acabou de desembarcar em Zurique, depois de visita à África do Sul, onde disse ter visto "mais legados positivos deixados pela Copa do Mundo de 2010", e depois utilizou tom crítico ao dizer que "infelizmente, o pessimismo é uma tendência comum quando se trata da realização de eventos de grande porte" e que "no final das contas, as coisas sempre funcionam".
"Apesar de a corrida estar sendo apertada na aplicação dos últimos pontos operacionais pelo Brasil, as pessoas já podem ver esse mesmíssimo legado criando forma - pelo menos aquelas que querem ver. Todos os relatórios que recebo indicam a velocidade e o afinco do trabalho no Brasil para concluir as preparações, não só para a Copa, mas também para as melhorias da infraestrutura cultural, urbana e de transportes que continuarão servindo gerações futuras. Os diversos projetos sociais, entre os quais o treinamento de pessoal para o trabalho em uma enorme gama de setores de serviços, são grande prova disso. Sem falar no legado esportivo, que jamais deveria ser esquecido em pleno País do Futebol, já que o Brasil está próximo de entrar em uma nova era em termos de estádios e serviços ao espectador", ressaltou.