Dias depois do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) afirmar que nove dos 13 aeroportos brasileiros não ficarão prontos a tempo da Copa do Mundo de 2014, foi a vez do Tribunal de Contas da União (TCU) trazer à tona os atrasos nos preparativos do Mundial em aeroportos, mobilidade urbana e estádios.
Quanto aos estádios, o TCU já encontrou indícios de irregularidades na contratação da parceria público-privada (PPP) da Arena das Dunas, em Natal (RN); sobrepreço de R$ 71,2 milhões no estádio de Manaus (AM); e "pontos críticos no contrato" de Pernambuco, como "uso de expressões subjetivas" e "transferência ao poder público de riscos financeiro e cambial".
O TCU segue analisando processos de outros estádios. No próximo mês, o governo do Rio de Janeiro deve entregar ao TCU o projeto executivo e as planilhas orçamentárias do Maracanã.
Segundo o TCU, dos R$ 3,6 bilhões previstos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para as novas arenas, foram liberados até agora apenas R$ 6 milhões. Em Natal, Manaus, Cuiabá e Brasília, foi encontrado "risco de rentabilidade", sem identificação de ações para acabar com o risco das arenas virarem "elefantes brancos".
Para o ministro Valmir Campelo, relator dos processos sobre a Copa no tribunal, no entanto, "não é caso ainda de luz vermelha". Dos projetos de mobilidade urbana, apenas 34% estariam compatíveis com o programado - 54% estariam com data do início reprogramada e 12%, atrasados. Para o ministro, as obras de mobilidade urbana mais problemáticas estão em São Paulo, Manaus, Recife, Fortaleza e Brasília.
Apesar do cenário de morosidade nos trabalhos, o ministro Valmir Campelo minimizou os problemas, mas reconheceu que existe uma "preocupaçãozinha maior com o problema dos aeroportos". "O TCU está se antecipando quando existe alguma irregularidade, fazendo um trabalho preventivo, educativo e os gestores têm recebido isso muito bem. Não existem maiores preocupações. É claro que há uma preocupaçãozinha maior com o problema dos aeroportos, mas vamos pedir que as coisas sejam antecipadas", disse Campelo.
Segundo levantamento do tribunal, apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo há obras em andamento. "O atraso no cronograma poderá acontecer, mas não na obra em si, pelo menos é o que estão nos garantindo. Não queremos ser empecilho, queremos fazer parte desse processo de ajuda para que a Copa seja exitosa na transparência, moralidade e gestão da coisa pública", completou.