São Paulo e Atletico Nacional de Medellín entraram em campo sabendo que a Copa Sul-Americana é a única chance de salvar uma temporada marcada por "quases" nos campeonatos nacionais - o Cruzeiro já venceu o Brasileirão e o quadrangular final do Colombiano tem o semifinalista continental em terceiro lugar. Dessa vez, no torneio continental, foi o Tricolor que ficou no quase. Depois de reverter a vantagem de 1 a 0 no tempo normal, Alan Kardec escorregou e Rafael Toloi também desperdiçou sua cobrança de pênalti: 4 a 1 para os visitantes e vaga na decisão.
É a segunda vez consecutiva que o São Paulo fica pelo caminho na Copa Sul-Americana. Em 2013, a Ponte Preta foi o algoz das semifinais e, agora, o Atletico Nacional. Assim, o time de Muricy Ramalho perde a chance de dar um título ao ídolo Rogério Ceni em seus possíveis últimos jogos da carreira, e o Tricolor também completa mais uma temporada sem conquistas. Agora, o time colombiano aguarda quem passar de Boca Juniors e River Plate, que se enfrentam nesta quinta-feira.
O JOGO
Luis Fabiano sabia da necessidade da torcida jogar junto no Morumbi. Por isso, sem mais nem menos, deu um carrinho na linha lateral e abriu os braços com os punhos cerrados logo aos cinco minutos. Das arquibancadas veio o urro de raça que ele esperava para deixar a equipe acesa desde os primeiros minutos de bola rolando. Hudson também animou com um tiro de fora da área, rasteiro, mas próximo da meta de Armani. Êxtase, então, aconteceu na boa tabela entre Ganso e Michel Bastos, que tentou bater sem ângulo mesmo com Luis Fabiano mais bem posicionado.
Michel Bastos, aliás, sabia que precisava dar mais com o novo esquema tático - uma das duas opções testadas por Muricy durante a semana. Por isso, ele foi o principal articulador do São Paulo no primeiro tempo. Um belo passe em profundidade pegou Luis Fabiano desprevenido e o camisa 9 não aproveitou. O próprio Michel também desperdiçou uma oportunidade em bola cruzada na área, quando Mejía tirou do pé do meia são-paulino a chance de abrir o placar, dentro da pequena área.
O problema é que o Atletico Nacional sabia que a principal característica do São Paulo é o toque de bola refinado e a qualidade na transição entre o meio e o ataque. Não só sabia como aplicou um jogo de marcação muito dura, que deixou pouquíssimo espaço aos donos da casa. O time colombiano fechou o meio, dificultou a articulação do Tricolor e mostrou perigo à frente. Como na bola que sobrou para Cardona perder a passada, mas ainda assim exigir uma defesaça do atento Rogério Ceni.
O Atlético Nacional não passou sufoco no primeiro tempo, como se previa para um jogo fora de casa. O São Paulo, sim, teve mais trabalho, apesar de ter finalizado seis vezes contra cinco dos visitantes. Denilson, na saída para o intervalo, pediu, e mesmo Muricy sabendo que ter outra opção à frente era uma alternativa para desmantelar a estratégia colombiana, voltou igual para o segundo tempo.
Mas no fundo os são-paulinos sabiam que vencer o Atletico Nacional era questão de tempo. Para ser mais exato, de oito minutos. Com mais aproximação, movimentação e agressividade, o Tricolor foi outro no segundo tempo. Michel Bastos ferveu o Morumbi com três lances agudos logo no início, acuando a marcação do time da Colômbia com uma simples mudança de posicionamento - passou da esquerda à direita. Mas quem incendiou mesmo foi Ganso. Após falta de Arias, o camisa 10 tricolor contou com o quique no chão após a batida para enganar Armani, balançar as redes e tranquilizar o torcedor.
Ou melhor, sem essa de tranquilizar! A continuação do jogo após o gol de abertura do placar teve forte pressão do São Paulo e outra sequência de "quases". Kaká acertou a trave, Michel Bastos atrapalhou lance claro de Luis Fabiano chutando em posição irregular, e o próprio Fabuloso acertou a rede pelo lado de fora. O número de finalizações do Tricolor dobrou em poucos minutos, o jogo se transformou e Muricy ainda quis mais, com Alan Kardec e Osvaldo, mas o segundo gol não saiu. A decisão, assim, se encaminhou para os pênaltis.
PÊNALTIS
O fantasma do Penapolense, que tirou o São Paulo das quartas de final do Paulistão deste ano, assustava. Bocanegra ajudou a acirrar os ânimos. Mas a cabeça do torcedor já baixou com o escorregão de Alan Kardec no segundo pênalti. Revoltado, o jogador socou o gramado, mas de nada adiantaria. Valencia, Cardona e Ruiz marcaram. Ceni acertou e Rafael Toloi obrigou Armani a uma defesa.