Ruy Bueno Neto, ou simplesmente Ruy Cabeção, anunciou nesta segunda-feira que está deixando o futebol. Aos 37 anos, o lateral-direito que defendeu nada menos que 14 clubes em seus 16 anos como profissional, anunciou sua aposentadoria por meio de uma rede social. Na mensagem, Ruy afirma que o futebol está lhe fazendo, e agora voltará a ser 'uma pessoa comum'.
"Paro porque o futebol, hoje, está me fazendo mal, pois sempre fui extremamente profissional. O sacrifício das dores, morar sozinho, distância da família e amigos, perderam a razão", afirmou Ruy, que estava atuando pelo Operário-MT desde 2014.
Revelado pelo América-MG em 2000, Ruy se destacou com as camisas do Cruzeiro e Botafogo. Também defendeu outros clubes na Série A do Campeonato Brasileiro, como Fluminense, Grêmio e Figueirense. Nos últimos anos de carreira, tornou-se um andarilho do futebol. Desde 2010, jogou por Boavista, Brasiliense, Betim, Alecrim e, finalmente, Operário-MT.
"Sempre joguei com muito respeito por todas as camisas que usei. Infiltrações, remédios, as inseparáveis dores e às vezes o cansaço. O amor me faz parar, minha família sofre muito com a distância, a minha maior incentivadora, minha mãe clama por isso", declarou Ruy, antes de relatar os sacrifícios que sua mãe já fez:
"Ela pode falar, porque caminhava 10 quarteirões e ficava sentada 3 horas, esperando o fim dos treinos de futsal, em 1985. Voltarei a ser uma pessoa comum, ver minhas filhas crescerem, uma com 10 anos e outra com 7 anos. Levarei a escola, farei para casa e realizarei seus sonhos como um pai de verdade", enfatizou.
Fora de campo, Ruy Cabeção se destacou como um dos membros mais atuantes do Bom Senso F.C., denunciando problemas estruturais do futebol brasileiro, como atrasos de salário e falta de infraestrutura nas equipes por onde jogou. No encerramento da mensagem de despedida, o lateral-direito agradeceu aos torcedores e amigos que fez durante sua carreira.
"Agradeço do fundo do coração, a todos funcionários e torcedores, que me trataram com carinho e respeito. Aprendi demais com o futebol, muitos pensam que é simplesmente ali dentro de campo. Mas fora dele que está a maior experiência. Relacionar-se com as pessoas, num mundo de dinheiro, corrupção, poder, glamour, orgulho e vaidade. Sobrevivi sem perder as minhas raízes. Conquistei várias coisas materiais, mas meu maior título, foi o respeito de várias pessoas, independente do seu escalão", encerrou Ruy Cabeção.