Há alguma chance de uma relação que já passou pelo amor e a paixão, mas que hoje está embebida de ódio, ser retomada? A resposta é desconhecida. O que é conhecido é que enquanto desfilava seu futebol pela primeira vez no novo estádio e vencia em campo, Ronaldinho deu indícios de que quer retornar ao clube gaúcho. Foi o que confidenciou jogadores do Grêmio que atuaram na partida contra o Atlético-MG, no último domingo, aniversário do Tricolor, na Arena, pelo Brasileirão.
O LANCE!Net confirmou que R10, com uma relação tão conturbada com a torcida tricolor, gostaria de retornar ao Grêmio no futuro. A situação pegou de surpresa o vestiário gremista. Consultado pelo L!Net, o assessor de futebol Marcos Chitolina afirma que os dirigentes não conversaram com os jogadores sobre tal papo com Ronaldinho.
Em entrevista à Rádio Grenal, Assis, irmão e empresário do jogador, já afirmou que ele permanecerá no Brasil no próximo ano. Não quis cravar, porém, que o clube será o Atlético-MG e preferiu valorizar a preparação para o Mundial de Clubes, em dezembro. Conhecido por ser hábil negociador, a manobra de externar o desejo poderia servir para pressionar o Galo a apressar a renovação de contrato e valorizar o meia, já que o vínculo com o campeão da Libertadores acaba no fim do ano.
Na Arena do Grêmio, Ronaldinho parecia mais à vontade. Conversou com funcionários do clube e jogadores com quem nutre amizade pessoal - como Zé Roberto e Dida, companheiros de Seleção Brasileira, e Kleber Gladiador. Sempre que está em Porto Alegre chama os amigos para sua casa, num prédio cercado por altos muros e grades ou para seu sítio. Das arquibancadas, ouviu as vaias de sempre. Mas o ambiente foi muito menos hostil do que o jogo com o Flamengo, no Olímpico.
- Conheço o Ronaldo. Falamos sempre que jogamos contra. Foram vários assuntos, coisa nossa. Não sei (se teria clima com a torcida para o retorno). Entre os jogadores, acho que sim. É um excelente jogador, um cara que se dá bem com Renato. Quem tem de falar é a direção. Ele é jogador do Atlético-MG. É algo muito longe para a gente ficar falando. O que eu sei é que ele gosta muito de Porto Alegre, é daqui. Mas o que a gente conversou, é nosso, fica entre nós - comentou o atacante Kleber Gladiador, que encontrou o craque do time mineiro na zona mista da Arena, já que não atuou no último domingo.
A relação entre Ronaldinho e o Grêmio tem dois momentos que estremeceram a relação com a torcida e tornaram as partes quase inimigas. O primeiro se deu em 2001, quando o meia deixou o Olímpico sem rechear os cofres gremistas, como era esperado, por conta de uma adequação à Lei Pelé. O Grêmio entrou na Fifa para conseguir uma quantia de indenização. Depois, em 2011, quando Ronaldinho estava por voltar para o Brasil, o segundo capítulo: após tratar com o Grêmio, que dava a negociação como concretizada, acabou se transferindo para o Flamengo. O presidente Paulo Odone chegou a contratar as caixas de som para a apresentação do craque no Olímpico.
É o ponto a ser considerado, segundo o presidente Fábio Koff, que garante que nunca ficará contra a torcida do Grêmio.
- Ronaldinho tem uma relação de amor e ódio com o Grêmio. No domingo, não falei com ele. Tenho boa relação inclusive com a família. Recordo dele pequeno, com 14 anos, na escolinha na época em que era presidente. Nós temos uma concepção sobre o futebol em 2014. Vamos ver se há interesse em contar com jogadores consagrados. O Ronaldinho tem um marketing muito forte, nome de respeito. Acho difícil, hoje é uma relação do ódio. Temos de resolver isso um momento oportuno. Mas uma coisa é clara: eu vou estar sempre com a torcida. Caso a torcida queira ele ou não - avaliou o mandatário gremista em entrevista na Rádio Bandeirantes.