Ronaldinho Gaúcho, que deixou o Flamengo na última quinta-feira e acionou a Justiça para cobrar o que o clube lhe deve de salários, voltou a falar sobre o assunto neste final de semana. Acusado de falta de profissionalismo, o meia-atacante negou que o seu desempenho ruim nos jogos ou nos treinos tenha sido motivado por noitadas e disse que os seguidos atrasos nos pagamentos dos seus vencimentos foram a "gota d''água" para a decisão de sair do clube que o recebeu com grande festa no início do ano passado.
Em entrevista para a TV Globo em Porto Alegre, exibida no final da noite do último domingo, o craque ressaltou: "A gota d´água é que foram acumulando vários meses sem receber. Às vezes atrasa alguns dias, paga. Às vezes ''quase junta dois meses em uma semana''. Foram vários dias de atraso". Em seguida, ele enfatizou: "Mas, quando a gente entra em campo, a gente esquece do mundo, a gente não pensa em dinheiro, esquece dos problemas".
Na última sexta-feira, o diretor de futebol do Flamengo, Zinho, disse que "acabou a bagunça" no Flamengo ao comentar a saída de Ronaldinho. O jogador, porém, negou que tenha exibido uma postura profissional errada e ressaltou que é de conhecimento público o fato de ele ser um conhecido admirador de noitadas.
"Sempre fui (profissional) em todos os clubes que passei. Eu acho que, se eu não fosse profissional, as pessoas falariam exatamente no momento que eu não estava sendo profissional", disse Ronaldinho, negando também que tenha chegado várias vezes para treinar sem condições físicas por causa de sua vida boêmia. Zinho apontou esse tipo de problema na última sexta. "Cansaço é normal. De chegar e não ter condições de treinar por ter saído, isso nunca, nunca me apresentei dessa forma."
Ronaldinho, porém, admitiu que não rendeu o esperado dentro de campo em vários jogos, mas encarou o fato com normalidade, ressaltando que a fases instáveis são comuns a todos os jogadores. "Não é todo jogo que a gente consegue jogar bem. Tive grande jogos no Flamengo e jogos em que as coisas não saíram bem, como acontece com todo jogador", apontou.
POLÊMICAS - Ronaldinho ainda aproveitou a entrevista que concedeu à TV Globo para negar a existência de algumas polêmicas que comprometeram o final da sua passagem pelo Flamengo. Em uma delas, declarou ser irreal a história de que teria dado uma gorjeta de US$ 100 a um garçom de um hotel onde o time ficou hospedado no Equador, antes de jogo contra o Emelec, pela primeira fase da Copa Libertadores, para que o mesmo levasse cerveja a ele no quarto em que estava.
"Nunca dei gorjeta de 100 dólares pra ninguém, isso não é verdade", disse o meia-atacante, para depois também negar que teria levado uma mulher para a concentração durante um período de treinos que o Flamengo realizou em Londrina, no início deste ano. Na época, o episódio irritou o técnico Vanderlei Luxemburgo, que entrou em rota de colisão com o jogador, antes de mais tarde ser demitido e dar lugar a Joel Santana no cargo.
"Não levei ninguém. Encontrei uma menina que eu já conhecia no hotel, falei com ela normalmente. Aconteceu que eu fui no quarto dela, conversei com ela, só isso", completou, antes de assegurar que não entrou em conflito com Luxemburgo e Joel no clube. "Não tenho nada a ver com a saída do Vanderlei. Nunca discuti com nenhum treinador. Nem com o Joel, nem com a comissão técnica, pode perguntar para qualquer um deles."
Ronaldinho ainda se defendeu das críticas dizendo que sempre teve a mesma conduta desde a sua chegada ao Flamengo, no começo de 2011, e que só começaram a apontar seus possíveis deslizes depois que os resultados deixaram de ser positivos dentro de campo. "Nos sete meses que foram só vitórias não tinha história nenhuma. A partir do momento que o Flamengo passou a não conquistar títulos e vitórias, todo mundo começou a inventar muita coisa", reclamou.