Derrotado pelo Tigres na semifinal do Mundial de Clubes, o Palmeiras não é o primeiro time do Brasil a ter a caminhada rumo ao título interrompida logo em sua primeira partida na competição. A lista das equipes do país com frustrações precoces na disputa agora conta com três nomes.
A formação alviverde se juntou a Internacional e Atlético-MG, que caíram diante de adversários africanos em 2010 e 2013, respectivamente. Desta vez, saiu da América do Norte o responsável por estabelecer a zebra e avançar à decisão.
Pelo regulamento adotado desde 2005, o campeão sul-americano faz sua estreia nas semifinais, assim como ocorre com o campeão europeu na outra ponta da chave. Até a edição de 2009, os favoritos venceram dos dois lados, confirmando a esperada final.
O padrão foi alterado pela primeira vez quando o Internacional, campeão de 2006, falhou na busca pelo bi. Em 2010, nos Emirados Árabes Unidos, a equipe colorada foi surpreendida pelo Mazembe, da República Democrática do Congo, e perdeu por 2 a 0, gols de Kabangu e Kaluyituka.
Goleiro Kidiaba celebra gol do Mazembe à sua maneira, em comemoração exótica que marcou a edição de 2010 do Mundial
Melhor no primeiro tempo, o time dirigido por Celso Roth perdeu boas oportunidades e acabou sendo castigado no segundo. Depois de levar o primeiro gol, partiu ao ataque desordenadamente, ofereceu contragolpes ao campeão da África e tomou o segundo no finalzinho.
"Erramos no que tínhamos mais dificuldade, as conclusões. Tivemos mais chances, mas não adianta reclamar. O melhor é quem ganha", disse Roth. "A surpresa aconteceria um dia. Infelizmente, foi com a gente", afirmou o atacante Rafael Sobis.
Ele foi um dos jogadores frustrados pelo goleiro Kidiaba, que fez boas defesas e ficou famoso por sua comemoração exótica nos gols - sentado no gramado, o arqueiro dava pequenos saltos. Na final, seu trabalho não impediu a tranquila vitória por 3 a 0 da Inter de Milão.
Três anos depois, foi a vez de o Atlético-MG cair precocemente. Campeão da Copa Libertadores de 2013, o clube alvinegro foi ao Marrocos na esperança de conquistar seu primeiro Mundial, tarefa para a qual contava com o talento de Ronaldinho Gaúcho.
Representante do país-sede, o Raja Casablanca estava no caminho nas semifinais. E, após um primeiro tempo sem gols, os donos da casa abriram o placar no início do segundo, em arrancada de Iajour. Tietado pelos rivais antes e depois do duelo, Ronaldinho empatou de falta.
Já na parte final do confronto, porém, o Atlético-MG se complicou em pênalti cometido por Réver, convertido por Moutouali. Nos acréscimos, Mabidé aproveitou rebote para definir o placar de 3 a 1 e uma dura derrota para a equipe comandada por Cuca.
"Não jogamos bem. Não conseguimos pôr em prática o que treinamos", afirmou o treinador, que admitiu estar "com vergonha". "O que temos de fazer é ter responsabilidade, profissionalismo. Precisamos dividir a culpa e nos desculpar com o torcedor."
Substituído naquela partida, Marcos Rocha saiu de campo esbravejando, nervoso. Teve a chance de se redimir neste domingo (7), desta vez com a camisa do Palmeiras, e novamente fracassou na tentativa de disputar uma final de Mundial.
Houve duas outras ocasiões em que os sul-americanos ficaram pelo caminho, quebrando a expectativa da decisão entre sul-americanos e europeus. Além dos africanos Mazembe e Raja Casablanca, dois asiáticos conseguiram surpreender.
No Japão, em 2016, o anfitrião Kashima Antlers fez 3 a 0 no Nacional-COLe avançou a uma dura decisão contra o Real Madrid. Prejudicado pela arbitragem, perdeu por 4 a 2, resultado definido apenas na prorrogação.
Em 2018, a zebra foi também o representante do país-sede. O Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos, empatou por 2 a 2 com o argentino River Plate e fez 5 a 4 nos pênaltis. No duelo pelo título, porém, os donos da casa não tiveram chance diante do Real Madrid, que levou a melhor por 3 a 0.
O Tigres, agora, espera ir além. Primeiro classificado pela América Central e do Norte ao Mundial a alcançar o confronto decisivo, o time mexicano aguarda o vencedor do duelo entre o alemão Bayern campeão europeu, e o egípcio Al Ahly, campeão africano. O título será decidido na quinta-feira (11).