Nos últimos 20 anos, o Shakhtar Donetsk tem sido uma das principais portas de entrada para os jogadores do Brasil com o sonho de jogar no futebol europeu. Atualmente, o clube ucraniano conta com 13 atletas do país.
Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, na madrugada de quinta-feira (24), eles passaram a pedir o apoio do governo brasileiro para conseguir deixar o território ucraniano. Alguns deles aparecem no vídeo em que atletas e seus familiares fazem um apelo por ajuda.
O vídeo foi gravado em um hotel em Kiev, cidade que o Shakhtar adotou recentemente como sua nova casa. O clube não atua em Donetsk, sua cidade natal, desde 2014, justamente por conflitos militares.
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Há oito anos, o governo do russo Vladimir Putin fez os primeiros ataques ao território ucraniano e a equipe teve de deixar sua casa, já que o estádio Donbass Arena foi bombardeado nos confrontos armados entre o exército ucraniano e as forças separatistas pró-Rússia.
A equipe, então, foi forçada a se mudar. Primeiro, passou a jogar em Lviv, a cerca de 1.000 km de Donetsk. Depois, em 2017, foi a Kharkiv. E, a partir da temporada 2019/20, começou a mandar os jogos na capital Kiev.
Por que o Shakhtar tem tantos brasileiros?
Ao longo dos últimos anos, o clube sempre contou com jogadores do Brasil em seu elenco. A tradição ganhou força a partir de 2004, quando o treinador romeno Mircea Lucescu, que comandou o time por 12 anos, até 2016, passou a indicar a contratação de atletas do país.
Atualmente no Dínamo de Kiev, ele se tornou fã do futebol brasileiro quando, como capitão da Romênia, enfrentou a seleção brasileira de 1970, com nomes como Pelé, Tostão e Jairzinho.
Como treinador, primeiro ele apostou em atletas menos conhecidos do país. Com a chegada do bilionário ucraniano Rinat Akhmetov, que passou a patrocinar o clube, redirecionou sua mira para os jogadores com mais potencial, como Jadson, Willian, Fred e Douglas Costa, só para citar alguns exemplos.
Mesmo após a saída de Lucescu, a tradição se manteve, ajudando o Shakhtar a se tornar um dos clubes mais vencedores de seu país, onde já conquistou 13 vezes o campeonato nacional, além de também ser campeão da Copa do Uefa (atual Liga Europa) de 2008/09.
Conheça os 13 brasileiros do Shakhtar
JÚNIOR MORAES, ATACANTE, 34 ANOS
Naturalizado ucraniano, ele começou a carreira no Santos, em 2007, ano em que foi campeão paulista. No futebol brasileiro, também jogou por Ponte Preta e Santo André, antes de sair do país em 2010.
Já passou por Romênia, Bulgária e China. Teve mais sucesso, porém, atuando na Ucrânia, onde jogou pelo Dínamo de Kiev antes de se tornar atleta do Shakhtar, em 2018. Ganhou três vezes o Campeonato Ucraniano.
FERNANDO, ATACANTE, 22 ANOS
Cria da base do Palmeiras, teve poucas oportunidades de atuar no time alviverde entre 2017 e 2018, antes de deixar o clube rumo ao Shakhtar. Na temporada 2019/20, passou um breve período emprestado ao Sporting antes de retornar ao futebol russo, onde já ganhou duas vezes o campeonato nacional e uma vez a Copa da Ucrânia.
PEDRINHO, MEIA, 23 ANOS
Formado pelo Corinthians, pelo qual ganhou quatro títulos no profissional -o Brasileiro de 2017, além do tri paulista (2017, 2018 e 2019)-, o meia chegou ao clube na temporada passada, depois de passagem pelo Benfica, de Portugal, equipe para a qual ele se transferiu ao deixar o Parque São Jorge. O time da Ucrânia pagou 18 milhões de euros (R$ 104 milhões na cotação atual) por ele.
Em 2021, o jogador conquistou seu primeiro título no futebol europeu, a Supercopa da Ucrânia.
TETÊ, ATACANTE, 22 ANOS
Mateus Cardoso Lemos Martins, mais conhecido como Tetê, foi revelado na base do Grêmio, mas deixou o clube em 2019, sem atuar na equipe profissional. Ele chamou a atenção do time da Europa após se destacar no Sul-Americano Sub-20 daquele ano.
Pelo Shakhtar, ele ganhou duas vezes o campeonato nacional e uma vez a Taça da Ucrânia.
DAVID NERES, ATACANTE, 24 ANOS
Cria da base do São Paulo, o jogador chegou nesta temporada ao futebol da Ucrânia depois de se destacar na Europa vestindo a camisa do Ajax. Ele deixou o futebol brasileiro em 2017, tendo feito apenas oito partidas com a camisa do time tricolor.
Pelo Ajax, ganhou duas vezes o Campeonato Holandês e a Copa da Holanda. Na temporada 2018/19, também foi incluído pela Uefa na "seleção da Liga dos Campeões" por suas atuações na edição do torneio em que o clube chegou à semifinal.
ALAN PATRICK, MEIA, 30 ANOS
Revelado pelo Santos, em 2009, o jogador deixou cedo o futebol brasileiro, dois anos depois, quando foi comprado pelo Shakhtar, em 2011. Vinculado ao clube ucraniano desde então, ele já teve passagens por empréstimo por Internacional, Palmeiras e Flamengo.
Ao todo, acumula 18 títulos importantes em sua carreira, entre eles a Libertadores de 2011 pelo Santos e a Copa do Brasil de 2015 pelo Palmeiras.
MAYCON, VOLANTE, 24 ANOS
Formado pelo Corinthians, tornou-se profissional em 2016, ano em que teve um breve período de empréstimo à Ponte Preta. De volta ao Parque São Jorge, foi um dos principais jogadores do time nas conquistas de dois Paulistas (2017 e 2018) e do Campeonato Brasileiro de 2017.
No Shakhtar desde 2018, ganhou duas vezes o Campeonato Ucraniano, além da Copa da Ucrânia e a Supercopa do país.
MARCOS ANTÔNIO, MEIA, 21 ANOS
O jogador despontou na base do Athletico, mas deixou o futebol brasileiro sem nem atuar profissionalmente no Brasil, em 2018. Na ocasião, ele se transferiu para o Estoril, de Portugal. No ano seguinte, mudou-se para o Shakhtar, pelo qual já ganhou três títulos.
VINICIUS TOBIAS, LATERAL, 18 ANOS
Outra joia brasileira que deixou o Brasil sem estrear profissionalmente, o jogador revelado pelo Internacional acertou com o Shakhtar em janeiro deste ano, após o clube pagar 6 milhões de euros (R$ 34 milhões) por ele.
DODÔ, LATERAL, 23 ANOS
O jogador iniciou a carreira no Coritiba, em 2016, mas deixou o futebol brasileiro dois anos depois, em 2018, quando despertou o interesse do time ucraniano. Teve uma breve passagem por empréstimo no Vitória de Guimarães, de Portugal, mas voltou ao Shakhtar.
ISMAILY, LATERAL, 32 ANOS
O experiente jogador começou a carreira no modesto Ivinhema, de Mato Grosso do Sul, e não atuou por nenhum clube grande do país. Em 2009, chegou ao futebol europeu quando foi comprado pelo Estoril, de Portugal, onde também jogou pelo Olhanense e pelo Braga, antes de se mudar para a Ucrânia.
Chegou ao Shakhtar em 2013 e já conquistou 13 títulos pelo clube.
VITÃO, ZAGUEIRO, 22 ANOS
Formado na base do Palmeiras e promovido ao time profissional por Luiz Felipe Scolari em 2018, o jogador fez apenas um jogo como profissional do time alviverde. Em 2019, foi vendido ao time ucraniano, pelo qual conseguiu ter uma sequência, além de conquistar dois títulos.
MARLON, ZAGUEIRO, 26 ANOS
O jogador iniciou sua trajetória no Fluminense, em 2014, e logo chamou a atenção do Barcelona. Em 2016, ele foi emprestado para o clube espanhol, mas para jogar na equipe B. No mesmo ano, teve a chance de jogar três partidas no time principal, antes de ser novamente emprestado, desta vez ao Nice, da França. Depois de se destacar, ele foi jogar na Itália, contratado pelo Sassuolo, pelo qual jogou três temporadas.
Está no Shakhtar desde junho de 2021.