Ser investigado no Paraguai e levado para prestar esclarecimentos sobre os passaportes falsos que ele e o irmão Roberto de Assis, 49, estavam portando é mais uma polêmica protagonizada por Ronaldinho Gaúcho, 39.
A própria carreira em campo do craque brasileiro, sempre agenciada pelo irmão mais velho, nunca foi tranquila. Sua trajetória dentro e fora do esporte é marcada por problemas relacionados a negócios, vida noturna e autoridades.
Nasce um craque cobiçado
Ronaldinho ganhou destaque muito cedo, aos 17 anos, com a camisa do Grêmio. A rápida ascensão com a camisa do tricolor gaúcho, graças aos dribles plásticos, assistências e gols, despertou o interesse de clubes europeus.
A equipe lutou contra o assédio, mas o jogador assinou um pré-contrato às escondidas com Paris Saint-Germain. O caso gerou uma briga entre os clubes, e o atleta ficou sem atuar por um tempo, até que se mudou para França em agosto de 2001.
Fora de campo, no início do mesmo ano, foi descoberto com uma carteira de habilitação falsa. Depois, foi parado em uma blitz com o licenciamento do carro vencido e sem CNH.
Vida noturna agitada e prêmio de melhor do mundo
Em Paris, o jogador teve grandes apresentações, mas passou a conviver com as críticas de seu então treinador Luiz Fernandez, que reclamava do excesso de noitadas.
Ronaldinho chegou ao Barcelona na temporada 2003/04. E a fama de baladeiro só cresceu. Isso, no entanto, acabou ficando em segundo plano, pois pelo clube catalão conquistou vários títulos e viveu sua melhor fase na carreira. Lá, ele recebeu o apelido de "bruxo" e foi eleito duas vezes o melhor jogador do planeta (2004 e 2005).
Volta ao Brasil, mulher na concentração e CPI
Após duas temporadas e meia no Milan (de 2009 a 2011), sem o brilho de outrora, o jogador decidiu voltar ao Brasil. Seu irmão, Assis, então abriu negociações com Grêmio, Corinthians, Palmeiras e Flamengo.
As conversas se arrastaram, e tudo indicava que ele voltaria ao Grêmio, que preparava uma festa de apresentação no Estádio Olímpico quando foi surpreendido pelo anúncio da contratação de Ronaldinho pelo Flamengo. Na ocasião, dirigentes gremistas e palmeirenses não pouparam críticas à forma de condução das negociações por parte do irmão do atleta.
Na passagem pelo Flamengo, ele oscilou entre boas atuações e partidas apagadas. Foi descoberto com uma mulher na concentração do time em Londrina, durante uma pré-temporada. Rescindiu contrato com o clube 17 meses depois de sua chegada, ao entrar na Justiça para cobrar salários atrasados.
Ainda em 2012, ano de sua saída da Gávea, viajou para Porto Alegre para depor em uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal que investigava convênios entre o Instituto Ronaldinho Gaúcho e a prefeitura. A conclusão foi de que houve erro nas prestações de conta.
Ronaldinho acertou com o Atlético-MG na sequência. Na equipe mineira, viveu boa fase e liderou o time ao inédito título da Libertadores de 2013.
Fim melancólico de carreira
Em 2015, transferiu-se para o Querétaro, do México, onde atuou 29 vezes e marcou 8 gols. Ainda no mesmo ano, acertou com o Fluminense, numa passagem de só três meses, sem gols e longe do craque que um dia havia sido.
Crime ambiental, passaporte retido e dívidas
Ronaldinho e o irmão Assis foram condenados a pagar R$ 9,5 milhões (valores atualizados) por dano ambiental no rio Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre, em 2015, por terem erguido um ancoradouro e uma plataforma de pesca de maneira ilegal no local, uma APP (Área de Preservação Permanente). O inquerito fora instaurado pela Promotoria de Justiça do Meio Ambiente em 2009.
Devido ao não pagamento da multa, ambos tiveram seus passaportes apreendidos após o Ministério Público descobrir que o jogador tinha apenas R$ 24 em uma de suas contas.
Com isso, a Justiça determinou o bloqueio dos 57 imóveis do ex-jogador, conforme publicou o jornal Folha de S.Paulo no ano passado, além de uma dívida com a prefeitura de Porto Alegre de R$ 9,91 milhões na época, referentes ao não pagamento de IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) e TCL (Taxa de Coleta Domiciliar de Lixo).
Após acordo feito no ano passado, o ex-atleta e seu irmão recuperam os documentos brasileiro e espanhol que possuem.
O ex-jogador também estava sendo cobrado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional porR$ 793 mil.
Pirâmide de criptomoedas
Segundo informação do UOL, Ronaldinho virou réu no mês passado em uma ação civil coletiva em Goiás que pede R$ 300 milhões em devolução de valores e em danos morais por ligação com o grupo 18kRonaldinho, que prometia 2% de rendimento ao dia em aplicações e carros de luxo como prêmio. A promessa era auferir rendimento de operações na criptomoeda Bitcoin.
A firma também havia bloqueado o dinheiro dos clientes que investiram nela.
Relatos mostram que os clientes da empresa caíram em um esquema do tipo pirâmide, quando é comum ter uma parcela de estimuladores que afirmam estar ganhando muito dinheiro para seduzir e segurar pessoas no negócio.
Procurado na ocasião, o advogado Sergio Queiroz, defensor do ex-atleta, disse que não se manifestaria porque ainda não teria sido notificado oficialmente. Mas disse que o ex-jogador "é parte ilegítima para figurar em qualquer ação que envolva a empresa do Sr. Marcelo Lara", empresário que se apresenta como CEO da 18k.