Sandro Rosell, o cartola máximo do Barcelona, não pensa duas vezes ao estabelecer sua prioridade para 2011: vencer o Santos numa possível final do Mundial de Clubes, em dezembro, no Japão. Em entrevista ao Estado em Zurique, o presidente da equipe catalã deixou claro que a vitória do time considerado por muitos o melhor do planeta não está garantida sobre o Santos de Neymar. Mas assegura que sua equipe "vai para cima" na final. Talvez seja a maneira que o dirigente encontrou para "dar o troco" nos brasileiros.
"Vamos ao Japão com o claro objetivo de sair mais uma vez com o título", disse Rosell. "É nossa prioridade do ano."
Rosell não disfarça o desconforto ao ser questionado sobre a transferência de Neymar para o Real Madrid, após o Barça ter dado como certa a contratação do atacante. A reviravolta ainda não foi assimilada completamente. O dirigente, no entanto, insiste que não há favoritos e que seu time não tem vitória assegurada contra o Santos, em uma eventual final. "Será um jogo difícil. Mas vamos para ganhar. Nossa política é ganhar tudo o que disputamos", afirmou. O cartola também destaca que uma final contra o Santos "valorizaria ainda mais o título". "Queremos jogar e bater times históricos e a partida contra o Santos terá esse caráter", afirmou. Para chegar à final, tanto o Santos como o Barça terão de vencer suas semifinais.
Se o discurso é de total entusiasmo em relação ao Mundial de Clubes, o tom da entrevista se transforma quando o assunto é Neymar. O Barça enviou uma delegação em três ocasiões para conseguir um acordo com o Santos. Mas foi o Real Madrid que ficou com o craque, uma derrota política para Rosell. Perguntado se ainda tentaria reverter a situação, o cartola não escondeu o mal-estar. "Não sei. Não sei. O que é que vou dizer?" Segundo o dirigente, essa é uma decisão também do técnico Pep Guardiola. "Tem de perguntar a ele", respondeu, com sorriso amarelo.
Rosell, porém, aproveitou para transferir para a seleção brasileira sua guerra particular com o Real. Ele atacou a atitude do rival de não liberar Marcelo e Kaká para o amistoso do Brasil no Gabão, nesta quinta-feira. O Barça cedeu Daniel Alves e Adriano. No fim de semana, o técnico do Real Madrid, José Mourinho, anunciou que nem Kaká nem Marcelo seriam liberados para o amistoso brasileiro. O argumento é de que estariam com "problemas musculares’. Um exame médico enviado pelo Real à CBF comprovaria a lesão de ambos os jogadores.
Marcelo, porém, já causou irritação na delegação brasileira em outras ocasiões, justamente por alegar contusões que o tiraram de amistosos. Mano Menezes chegou a criticá-lo publicamente. Mas voltou a dar uma chance ao atleta por seu desempenho no clube espanhol. O presidente do Barça, porém, insiste que a atitude deve ser igual para todos e insinua que o Real não está atuando como deveria.
"Eu estive com Dani Alves e Adriano e disse claramente que nós continuamos a liberar os jogadores, enquanto outros não o fazem’, afirmou. "Mas quando chega o momento de ir à Copa do Mundo, todos querem ir. Sinceramente, só mesmo quem participa é que deve acabar permanecendo na seleção’, defendeu.
A cúpula dos clubes europeus não disfarça que a solução é exatamente a redução dos jogos amistosos pelo mundo a cada ano. "O que é que o Brasil foi fazer na Costa Rica?", criticou Rosell, em referência a amistoso da seleção realizado recentemente. (as informações são do jornal O Estado de São Paulo)