Valdivia foi anjo e demônio no empate por 2 a 2 entre Palmeiras e Flamengo, nesta quarta-feira, no estádio do Pacaembu, em São Paulo, pela 22.ª rodada do Campeonato Brasileiro. Ajudou a buscar a igualdade quando o time perdia por 2 a 0, mas foi expulso justamente na hora de procurar a virada. Com o empate, o time paulista foi a 22 pontos, voltou à zona de rebaixamento e vai rediscutir, pela enésima vez, a relação de amor e ódio com seu ídolo, talvez o único capaz de salvar a equipe de mais uma queda à Série B.
O técnico Dorival Junior decidiu armar um tridente no meio (Diogo, Cristaldo e Mouche) para se aproximar de Henrique, mais avançado. Além disso, improvisou o lateral-esquerdo Juninho como meia e deixou Valdivia e Allione no banco de reservas - os dois não estão completos fisicamente.
O esquema foi catastrófico. No todo e em suas partes. Juninho poderia ter sido expulso depois de duas faltas feias no início do jogo - levou apenas um cartão amarelo - e ainda falhou no gol do Flamengo, aos 12 minutos. Ele tinha a bola dominada na área, mas deixou que Canteros enchesse o pé na saída de Deola.
Mouche não funcionou na criação; Diogo e Cristaldo pouco fizeram na aproximação com Henrique, outro que teve atuação nula - saiu no intervalo. Também pesou uma atuação insegura da defesa, que ficou perdida com a movimentação do mediano ataque do rival.
O segundo gol, aos 31 minutos, pode ser explicado por aí. Os zagueiros não acharam Eduardo da Silva depois da enfiada de Léo Moura. Ele ganhou a dividida com o goleiro Deola e tocou para Alecsandro marcar sozinho. A reclamação do goleiro pedindo toque de Eduardo teve mais desespero do que razão. O toque existiu, mas foi involuntário.
Dorival Junior insistiu em algumas peças que não funcionaram desde o início. Mesmo que os meias principais estivessem baleados, ele poderia ter optado por Mendieta ou Felipe Menezes. Não fez nada disso e deixou o time sem um pingo de inteligência para sair da arapuca em que o jogo se tornara. O mais perto que se aproximou do gol foi em uma disputa aérea de Henrique e João Paulo no final do primeiro tempo. O árbitro poderia ter marcado pênalti.
O treinador só acordou no intervalo. Trocou o inexistente Mouche por Valdivia e o errático Henrique por Allione. Em poucos minutos, o time ficou vivo no ataque. Não dá para dizer que o gol de Diogo, logo aos 2 minutos, foi consequência da mudança, mas surgiu nesse contexto. Lúcio deu um chutão, Diogo acreditou e encheu o Pacaembu de esperança.
Diogo precisava acreditar em um lance que parecia perdido. Havia um ano que não marcava um gol - o último tinha sido anotado ainda na Portuguesa. Pelo Palmeiras, foram 25 jogos e, finalmente, o primeiro tento.
O estádio passou a acreditar em todas as bolas, como fez o ex-atacante da Portuguesa. O hino do clube virou a trilha da troca de passes que tardiamente começou a ser feita. Mesmo sem boas condições físicas, Valdivia fez a diferença. Ele e Diogo tabelaram e o chileno enfiou bela bola para Victor Luís chutar firme. Estava empatado o jogo: 2 a 2.
Valdivia faz a diferença também negativamente. Repetindo um velho enredo de lances polêmicas, ele pisou em Amaral e foi expulso aos 36 minutos. Deixou o time na mão, com força apenas para segurar o empate.