Palmeiras e Santos desperdiçaram uma grande chance de elevar o futebol, neste sábado, no estádio Allianz Parque, em São Paulo. Armados com prioridade para não perder o jogo e com medo de correr riscos, não saíram do empate sem gols pela quinta rodada do Campeonato Paulista. Um desserviço aos pouco mais de 23 mil torcedores que tomaram chuva à espera de um bom jogo de bola.
No primeiro tempo, o futebol ficou muito longe do Allianz Parque. Os dois times, em modelos bem conservadores privilegiando a marcação e a criatividade zero, nada de emocionante produziram. As chances de gols foram raras. Não havia a menor inspiração dos dois lados. Os 45 minutos iniciais foram entediantes, para desespero do torcedor na arena ou no sofá da sala.
Uma explicação para esta baixa qualidade passou pela opção dos treinadores. Marcelo Oliveira, por exemplo, congestionou o Palmeiras com três meio-campistas de marcação - Thiago Santos, Matheus Sales e Jean - para dar liberdade a Robinho e Dudu. Resultado: o time não andou, não fez a transição da defesa para o ataque.
Dorival Júnior também apelou para o seu lado conservador ao escalar o meia Serginho, tirando um terceiro atacante. Isolou Ricardo Oliveira lá na frente e abriu Gabriel na ponta direita na tentativa de explorar a idade de Zé Roberto nas bolas esticadas. E esperou pela ação de Lucas Lima. Acontece que o meia, um pouco indolente e prepotente, não encarnou o jogo. O Santos ficou travado.
Com essa configuração, as duas equipes viveram de bolas levantadas na área - todas sem nenhum efeito. Zero absoluto. Nem mesmo a rivalidade acentuada nos últimos confrontos se fez presente. Por jogar em casa, o Palmeiras foi um pouquinho mais atrevido até os 35 minutos. Depois o Santos criou um pouco de coragem e se soltou mais. Nada que pudesse mudar o curso do rio. O empate sem gols nesta primeira etapa, para azar do torcedor, foi mais que justo.
No segundo tempo, a expectativa era por mais ousadia de Marcelo Oliveira e Dorival Júnior. Os dois treinadores voltaram do intervalo sem alterações nas equipes. Depois de 16 minutos sem nada acontecer, resolveram se coçar. O técnico palmeirense trocou o volante Matheus Sales por Gabriel Jesus. O santista respondeu com o atacante Patito Rodríguez no lugar do meia Serginho.
Com as mudanças, o jogo ficou mais agradável, levemente solto. O Palmeiras passou a ter três atacantes. E o Santos arrumou um parceiro para Ricardo Oliveira. Em vez daquele amontoado de inúteis no meio de campo, as duas equipes começaram a propor o jogo.
E aí o mais organizado poderia sair beneficiado. No caso, o Santos. A transição com Lucas Lima ganhou em velocidade. Os contra-ataques passaram a ser mais efetivos. Em duas esticadas esteve próximo de marcar com Gabriel. As duas tentativas pararam em boas e salvadoras defesas de Fernando Prass.
As investidas santistas obrigaram o Palmeiras a dar uma resposta. E aí ficou claro como esse time é desorganizado, sem conexão. As peças não se encaixaram. Nem mesmo a entrada de Régis, meia de ofício, no lugar de Robinho fez a equipe se entender. Jesus, aberto na esquerda, e Dudu, preso no setor direito, nada produziram. Resultado: o Palmeiras morreu. Voltou ao repertório único de levantar a bola na área. Sem sucesso, sem futuro.
Diante de um adversário sem noção de tempo e espaço, o Santos cresceu. Joel, mais ágil, entrou no lugar de Ricardo Oliveira, que, até então, tinha movimentos de um paquiderme. Na correria Joel criou a última boa jogada do clássico que Gabriel poderia ter mandado a gol não fosse a providencial intervenção de Fernando Prass. E foi só isso.