Uma das principais reclamações de Muricy Ramalho em sua primeira passagem pelo São Paulo era a falta de um camisa 10 após a saída de Danilo, em 2006, para o Kashima Antlers (JAP). Hoje, em seu retorno ao Tricolor, o treinador conta com Jadson e Paulo Henrique Ganso para desempenhar tal função no meio de campo.
Ex-comandante de Ganso no Santos, Muricy falou durante a coletiva de apresentação no CT da Barra Funda o que irá cobrar do meia, autor de apenas três gols em 50 jogos pelo clube, e acenou com a possibilidade de armar a equipe com dois armadores.
- A gente chiava muito, por isso era esquema de três zagueiros, tinha só um homem de ligação. Hoje a gente tem um 10 e o 8, porque o Ganso é para dividir a armação, um por cada lado, jogador que é especialista nisso, que organiza o time como ninguém. Claro que algumas coisas ele tem de entender, melhorar. Eu falava isso para ele no Santos: "número 10 tem de entrar na área, você não consegue furar bloqueio se não vir por trás. Ele acha que dar passe é melhor que gol. Jogador importante demais, não pode ter esquecido, vamos usar muito - disse o técnico.
Por outro lado, apesar de poder contar com meias organizadores que não tinha antes, o treinador não tem à disposição nenhum grande responsável pela bola parada, como era Jorge Wagner na época do tricampeonato brasileiro. De acordo com Muricy, porém, o segredo para o time voltar a marcar gols pelo alto é um só: treinamento.
- Passei dois anos e meio no Santos com Borges, que é desse tamanho (faz sinal de pequeno), o Neymar... Na época do São Paulo tinha uns caras lá atrás que eram gigantes e um batedor de faltas que era o Jorge Wagner. A ligação era praticamente direta, não tinha um grande meia. Era um time que marcava pressão, tomava poucos gols. As pessoas confundem. Agora não tem o Jorge Wagner e não tem grandes cabeceadores. É um fundamento que tem que treinar. No futebol hoje existem muitas faltas, não pode desperdiçar. Tem que treinar todos os tipos de fundamento que existem no jogo - completou.