A Justiça americana quer cobrar quase R$ 40 milhões para que o ex-presidente da CBF José Maria Marin aguarde seu julgamento por suspeita de corrupção em prisão domiciliar. Informações exclusivas obtidas pelo jornal "O Estado de S. Paulo" com representantes da Justiça envolvidos na negociação indicam que o valor incluiria o apartamento que Marin possui em Nova York. O montante ainda está sob negociação.
Nesta semana, a Justiça suíça deve anunciar se aceita ou não extraditar o brasileiro aos Estados Unidos, como solicitado pelos procuradores americanos. Os advogados de defesa do ex-presidente da CBF já indicaram que se a decisão não der brecha para um recurso, vão abrir mão de uma apelação e aceitariam a transferência aos EUA. Caso apelem, Marin poderá ficar na prisão suíça, aguardando o resultado desse recursos, até pelo menos o final do ano. Mas com 83 anos, ele estaria "ansioso" por uma definição sobre seu destino.
Enquanto isso, a defesa também já negocia fiança que permita a Marin aguardar o processo em seu apartamento e que, aos poucos, essa liberdade se amplie para que ele possa sair da residência e andar pela cidade.
Aos advogados, o brasileiro, preso desde o dia 27 de maio, já confessou que "sonha" em dormir em sua cama e tomar um banho em sua ducha.
Mas isso custará caro. Há dois meses, o ex-vice-presidente da Fifa, Jeff Webb, pagou uma fiança de US$ 10 milhões (R$ 39,8 milhões) para aguardar seu processo em liberdade, nos EUA. O pacote incluiu bens de seus familiares, propriedades, carros e até ativos financeiros. Até mesmo o anel de diamantes de noivado de sua mulher foi entregue, assim como relógios Cartier e Rolex.
Webb, que manteve por anos uma imagem de austeridade, entregou ainda uma Ferrari 2015, um Range Rover 2014 e um Mercedes-Benz 2003.
No caso de Marin, a negociação que ocorre neste momento aponta para um pagamento de US$ 7 milhões (cerca de R$ 27,9 milhões), além de confisco temporário de seu apartamento, avaliado em US$ 2,5 milhões (R$ 9,9 milhões) no 41.º andar na Trump Tower. A garantia ainda teria de ser dada por uma assinatura conjunta dele e de Neusa, sua esposa.
AUSÊNCIA - Enquanto Marin negocia sua liberdade condicional, o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, não compareceu à reunião que ele deveria presidir na Fifa, na condição de presidente do Comitê de Futebol Olímpico.
O encontro, para definir o torneio de futebol dos Jogos do Rio, marcava o primeiro dia de reuniões na entidade em Zurique - cidade onde Del Nero não coloca os pés desde maio - e, com sua ausência, foi presidido pela dirigente Lydia Nsekera, do Burundi.
Já em Trinidad e Tobago, o Ministério Público deu sinal verde para a extradição aos EUA de Jack Warner, ex-vice-presidente da Fifa e também acusado de corrupção.