O Londrina Esporte Clube acertou uma parceria com a equipe feminina de futebol do Colégio Estadual Tsuru Oguido para a disputa do Campeonato Paranaense adulto que será disputado no segundo semestre de 2019. A equipe é comandada pelo técnico e coordenador Johnny Gonçalves, de 40 anos e que está à frente do projeto desde 2012. A parceria inicialmente é até o final de 2019 podendo ser prorrogada para os próximos anos.
O coordenador da base do LEC, Alencar através da exigência da CBF que a partir de 2020 as equipes que disputarem as Séries A e B tenham uma equipe feminina, a diretoria do Tubarão se antecipou e acertou a parceria com um projeto sério para o desenvolvimento da modalidade em Londrina. "Como há uma exigência da CBF para o ano que vem as equipes da Série B precisam do futebol feminino, a gente tinha que se antecipar com um projeto sério".
O projeto do professor Johnny se iniciou em 2012, após o técnico notar nas aulas de educação física a habilidade de algumas meninas no futsal. "Nós percebemos a falta de trabalho no feminino, tanto no futsal como no futebol, eu entendi isso como uma oportunidade de trabalho, porque existem muitos trabalhos negligenciados e tivemos uma resposta muito significativa das meninas", destacou o início do trabalho há oito anos.
Neste período, com a falta de um calendário de competições, a equipe se dividia entre o futsal e o futebol, para ter um nível alto de competitividade. Dentro do futebol, existe apenas uma competição oficial no Paraná em todo o ano, o Projeto Bom de Bola. "A gente já no segundo ano de competição conseguimos ser campeões em 2013, conseguimos ser bicampeões em 2014 e conseguimos emplacar o tricampeonato em 2016, 2017 e 2018", enfatizou sobre o trabalho realizado que culminaram em conquistas, alguns dos pontos que fizeram o Londrina acertar a parceria.
Além de todo trabalho desenvolvido dentro de campo, fora das quatro linhas existe a parceria com o Colégio Estadual Tsuru Oguido, local onde praticamente todas as jogadoras estudam. O treinador Johnny fala sobre o auxílio do colégio que em todas as áreas têm uma organização para que as meninas não percam conteúdo ou provas mesmo com as várias viagens que fazem para a disputa de competições. "Acho importante todo mundo saber que o atleta está dentro da escola", afirmou o professor e coordenador do projeto.
Dentro de campo, Johnny tem uma linha de trabalho toda voltada para o aprendizado no futsal e para depois, existir a transição para o futebol, para que a atletas tenha o contato com a bola e saiba agir resolvendo problemas a todo momento. "Sou um apaixonado por futsal e pelo futebol, conheço as duas modalidades com autoridade e nessa minha visão, o futsal é de suma importância para iniciar qualquer jogador, tanto no masculino como no feminino, porque ele dá muita bagagem técnica, tomadas de decisão, o jogador está em contato com a bola a toda hora, tem que resolver problema a toda hora e a partir de uma certa idade, ir migrando para o campo".
No projeto hoje, 39 jogadoras estão divididas em três categorias, sendo que 15 participam do sub-14, 20 do sub-17 e 4 no sub-20. A iniciação é feita dentro do colégio com meninas de 11 e 12 anos, já para o sub-17, a procura é de meninas de toda a cidade, Estado e também oriundas de outros locais do Brasil.
Dentre as dificuldades enfrentadas por todas as modalidades de alto rendimento, Johnny Gonçalves destacou duas como as principais: a primeira, a falta de calendário para o futebol feminino na base e no profissional dentro do Estado e a falta de estrutura, principalmente em relação a patrocínio, que a falta de jogos se torna a principal causa do empresariado não investir na modalidade.
Tendo a parceria firmada com o Londrina Esporte Clube, o professor Johnny espera que o crescimento seja de ambos os lados. "Sabemos da grandeza do Londrina, é um clube reconhecido no Brasil todo, sabemos do peso dessa camisa, então entendemos que é uma oportunidade bacana para a gente mostrar nosso trabalho, temos em mente que nosso foco é a categoria de base, mas que a migração para a categoria adulta é natural e que todo irá vir a ganhar. O nosso projeto por estar com um clube da grandeza do Londrina e entendo que tem tudo para dar certo", disse Johnny Gonçalves.
O coordenador da base do Londrina, destacou a necessidade dos dois lados para o fechamento da parceria. "Havia a necessidade de uma parceria com um clube para ele poder ter direito a alguns benefícios da Prefeitura de Londrina e acabou ajudando. A necessidade que o clube Londrina tem de já começar o ano que vem com o futebol feminino e o Johnny de ter um projeto junto com a Fundação de Esportes de Londrina (FEL) ", explicou Alencar.
Com o Campeonato Paranaense se iniciando no segundo semestre, Johnny acredita que apesar do foco do projeto ser nas categorias de base, algumas atletas já podem integrar o time adulto, mas precisaria contar com o reforço de mais oito a dez atletas mais experientes para que o Londrina faça bonito na sua primeira participação. "Temos que pensar grande, a ideia é sempre entrar nos campeonatos para conquistar, sabemos das dificuldades, sabemos que a gente é uma equipe ainda em formação, mas nós acreditamos no nosso trabalho e vamos fazer o melhor possível para representar o Londrina Esporte Clube".
O professor Johnny se diz muito ansioso para ter o contato com o torcedor do Londrina Esporte Clube, espera ter uma boa recepção em relação a modalidade e que juntos possam colher os frutos para o clube, projeto e cidade. "Fico muito ansioso, tenho uma expectativa enorme do torcedor do Londrina Esporte Clube abraçar a gente e acompanhe os jogos", descreveu sua ansiedade para ter o contato com o torcedor Alviceleste.
Em relação as atletas que estão no projeto, Johnny destaca duas jogadoras com muito potencial e que podem dar muitas alegrias ao torcedor londrinense. As atacantes Ana Caroline Caetano, de 17 anos e Joyce, de 18 anos. Ambas devem fazer parte do elenco adulto que irá disputar o estadual neste ano.
A atacante Joyce Moreira de Souza, de 18 anos, é paulista da cidade de Assis e iniciou no futebol aos oito anos em uma escolinha de futebol do seu município. "Comecei no campo, treinando com os meninos, na minha cidade tem uma escolinha de futebol que é apenas para meninos, só que me aceitaram lá, pois eu mostrava que não estava lá como algumas meninas que iam para brincar, eu estava lá porque tenho um objetivo e queria cumprir esse objetivo".
A atleta do sub-20, destacou a importância da parceria com o Londrina Esporte Clube para que o projeto e as jogadoras tenham mais visibilidade dentro da cidade, pois são bastante reconhecidas fora de Londrina. Com a disputa do Campeonato Paranaense no segundo semestre, Joyce deixa claro o "frio na barriga" por jogar a competição, ainda mais representando o Londrina Esporte Clube.
Na última rodada da Série B de 2018, muitas jogadoras foram ao Estádio do Café e receberam o reconhecimento das mais de 24 mil pessoas que estavam no estádio por um título conquistado, o atacante espera que esse carinho se mantenha nos jogos diante do torcedor. "A expectativa é que eles [torcedores] acompanhem a gente e recebam com o carinho que tiveram neste jogo que fomos".
Não muito diferente da Joyce, a também atacante Ana Caroline Caetano, conhecida como Carol, de 17 anos, iniciou cedo o contato com a bola de futebol e no meio dos meninos, porém, no futsal. O primeiro contato de Carol com o campo de futebol aconteceu aos 15 anos, na cidade de Ouro Verde do Oeste (PR).
Para o técnico Johnny, a atleta deve ser formada no futsal e fazer a transição para o futebol, com Ana Caroline não foi diferente e ela vê o futebol como uma modalidade onde se tem mais oportunidades do que no futsal.
Apesar de ainda estar no sub-17, Carol espera ter oportunidades na equipe adulta que irá disputar o estadual neste ano e quer mostrar seu talento para ganhar uma vaga no time. "Tem que se destacar, tem que dar o máximo e esforço dentro de campo".
O Campeonato Paranaense Feminino está previsto para ter início em agosto e se encerrar em outubro.