O Santos sofreu ontem mais uma derrota no "caso Neymar". O juiz Pablo Ruz, de Madri, responsável pela investigação da transferência do craque para o Barcelona, decidiu que o clube brasileiro não pode participar do processo como parte interessada. Segundo ele, não ficou demonstrado que o Santos foi prejudicado na operação.
A intenção santista era poder acompanhar o processo de perto e, principalmente, ter acesso aos documentos firmados com o Barça por seu pai e as empresas dirigidas por seu pai. O clube acha que tem direito a mais do que os 17,1 milhões (R$ 54,3 milhões) que recebeu dos espanhóis – dos quais ficou com 55% (R$ 29,8 milhões), porque a DIS teve direito a 40% e a Teisa, a 5% –, e quer saber se tem direito a parte dos 40 milhões (R$ 127,2 milhões) pagos pelo Barcelona à N&N, empresa do pai de Neymar.
A tese do Barcelona é de que o Santos vendeu os direitos econômicos por um valor acertado em negociação, e que os outros contratos fechados com Neymar e seu pai não têm a ver com a transferência.
A Justiça brasileira já havia imposto duas derrotas ao Santos em fevereiro. Um juiz da cidade de Santos negou o pedido feito pelo clube para obrigar o pai de Neymar a mostrar todos os documentos que assinou com o Barcelona. Dias depois, o Tribunal de Justiça de São Paulo analisou o recurso apresentado pelo clube e ratificou a primeira decisão – o que levou a diretoria santista a retirar a ação.
O passo seguinte foi tentar a sorte na Justiça espanhola, com a esperança de finalmente ter acesso aos documentos. Mas perdeu de novo.
Fontes da Fifa disseram ao Estado em fevereiro que o Santos não tem como denunciar o Barça por assédio a Neymar por causa do contrato firmado entre o clube espanhol e a N&N em novembro de 2011. O motivo é que existe uma carta assinada por Luís Alvaro de Oliveira Ribeiro, presidente santista na época, autorizando o jogador a negociar com qualquer clube para sair depois de junho de 2014, quando venceria o seu contrato.
O acordo de 2011 estabelecia que Neymar iria para o Barcelona quando seu contrato expirasse. A chegada dele à Catalunha foi antecipada em um ano, mas para que isso acontecesse o Santos foi remunerado – o que não aconteceria se o craque saísse só depois de ficar sem vínculo.