O inquérito que investigava o suposto pagamento de R$ 2,5 milhões para o ex-deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP) pela Odebrecht foi arquivado. O ex-presidente do Corinthians era acusado de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Em sua decisão, a juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal Federal em São Paulo, acompanhou argumento do Ministério Público Federal segundo o qual as transações relacionadas à Arena Corinthians feitas pela Odebrecht teriam sido destinadas à campanha eleitoral de Sanchez em 2014, de acordo com informações obtidas em delações.
Dessa forma, a conduta poderia ser enquadrada como caixa dois, um crime eleitoral, e não prática de corrupção, a cargo da Justiça Federal.
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Nos autos, a procuradora Viviane de Oliveira Martinez diz que a suspeita de que Andrés Sanchez, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva poderiam ter utilizado esses recursos para pagamento de propina a funcionários públicos ou para outros "atos indevidos" fez com que o MPF solicitasse uma análise de movimentações financeiras da Odebrecht.
Essa análise teria mostrado que o dinheiro não teve essa destinação, "havendo indícios de que as quantias se reverteram às campanhas eleitorais do PT em 2014".
A Folha revelou em 2017 que Sanchez havia sido citado nos acordos de delação premiada do ex-diretor-superintendente Luiz Bueno e do ex-presidente de Infraestrutura do grupo baiano, Benedito Júnior, o BJ.
A Odebrecht foi a responsável pela construção da arena do Corinthians. Sanchez presidiu o clube entre 2007 e 2011. A construção do estádio, que ficou pronto em 2014 e sediou jogos da Copa do Mundo do Brasil, começou no último ano de mandato do dirigente. Sanchez também foi diretor de seleções da CBF, entre 2011 e 2012, e voltou a presidir o Corinthians em 2018.
André Luiz de Oliveira, o André Negão, ex-vice-presidente do clube alvinegro e ex-assessor parlamentar de Sanchez, foi apontado como o responsável por ter recebido o dinheiro, pago em espécie.
Tanto Sanchez quanto Oliveira sempre negaram irregularidades. O ex-presidente do Corinthians negou ter recebido qualquer recurso da Odebrecht para sua campanha em 2014.
O ex-assessor de Sanchez também foi contemplado pelo arquivamento do inquérito.
"A decisão restabelece a verdade. André Luiz sempre negou qualquer envolvimento nos fatos. É louvável o posicionamento do MPF e da juíza da 2ª Vara Criminal Federal ao decidirem pelo arquivamento do inquérito policial", diz Julio Clímaco, advogado criminalista que o defendeu.