Futebol

Jogadores do Brasil preferem 'países exóticos'

16 mar 2007 às 19:49

Um em cada quatro jogadores de futebol do Brasil que vai para o exterior escolhe destinos com pouca tradição no esporte, como Vietnã e Indonésia.
A informação, baseada em dados da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), é um dos temas do livro Futebol Exportação, dos jornalistas Fernando Duarte e Claudia Silva Jacobs, que está sendo lançado este mês.

Segundo os autores, o número de atletas que foi do Brasil para o exterior aumentou 392% entre 1992 e 2005. Só em 2005, 804 jogadores deixaram o Brasil para jogar futebol em outro país.


A situação destes jogadores em nada lembra a de grandes estrelas do futebol brasileiro, como Kaká e Ronaldinho Gaúcho, que vão para o exterior com contratos milionários.


Frio e fome - Quem vai para países mais ricos, como a Coréia do Sul, chega a ganhar US$ 10 mil, US$ 15 mil ou até US$ 20 mil (cerca de R$ 40 mil).


Segundo os autores, a principal motivação é o salário, que, mesmo em países com pouca tradição em futebol – como Malásia, Cazaquistão, Albânia – ainda é mais alto do que o pago no Brasil.


"Ganhar R$ 1 mil reais no Brasil de salário é um bom negócio hoje para um jogador de futebol. Então, se ele tiver proposta de ganhar US$ 2 mil (cerca de R$ 4 mil), mesmo que seja no Uzbequistão, ele vai", afirma Claudia Jacobs.


A busca por melhores condições no exterior não é nova. O livro lembra a história de jogadores como Fausto e Jaguaré, que brilharam no futebol espanhol nos anos 30, muito antes da invasão brasileira dos anos 90.


O lateral-direito paulista Anfilógino Guarisi, o Filó, fez mais: naturalizou-se italiano e foi campeão do mundo em 1934 jogando pela Squadra Azzurra.


Outros pioneiros não tiveram tanta sorte. Em 1967, o jogador brasileiro Máximo, que havia tentado a sorte na Europa, morreu de fome e frio na Bélgica.


Futebol Exportação mostra que a Europa hoje pode servir de ponte para oportunidades em outros países, como Vietnã, Israel e Sudão. É o caso do jogador carioca Leandro Alves, que foi descoberto pelo Paris Saint Germain (PSG) aos 14 anos nos campinhos do Morro do Andaraí, na zona norte do Rio de Janeiro.


Aos 18 anos, foi dispensado pelo ex-clube de Ronaldinho Gaúcho e rodou pela Europa. Um ex-técnico do PSG levou o jovem jogador brasileiro para a Costa do Marfim, onde ele conseguiu brilhar no Asec Mimosas, o maior time do país.

"Esses países longínquos viraram uma excelente opção. Todos eles pagam em dia, mesmo que seja difícil, com problemas de língua, adaptação, clima ou qualquer outra coisa", diz Jacobs.


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