Pela primeira vez desde que o Beira-Rio foi escolhido para sediar jogos da Copa do Mundo de 2014, diretores do Internacional admitiram que o estádio corre o risco de ser descartado da maior competição do futebol mundial, nesta quarta-feira. O clube vem protelando a apresentação das garantias exigidas pela Fifa e, embora não esteja diante do limite de uma data fixa como prazo, passou a reconhecer que o tempo está se esgotando.
"Nas condições atuais não temos condições de apresentar as garantias à Fifa", avalia o primeiro vice-presidente Luiz Anápio Gomes de Oliveira, referindo-se ao projeto em curso, que prevê uma reforma ao custo de R$ 150 milhões a ser bancado pela venda do antigo estádio dos Eucaliptos e pela comercialização antecipada de instalações futuras como cadeiras vips e camarotes. O clube consultou dez bancos, mas nenhum quis dar a garantia financeira que a Fifa exige para o projeto.
Diante da incerteza da captação de receitas por vendas antecipadas e do financiamento com recursos próprios, que poderiam desviar o foco do clube do futebol para a obra, a diretoria inclinou-se por uma parceria com uma construtora.
Segundo fontes do Beira-Rio, a sócia assumiria a reforma e os custos de um projeto maior, de R$ 250 milhões, e também se comprometeria a apresentar as garantias bancárias à Fifa. Em troca, poderia explorar instalações adicionais como camarotes, espaço para um shopping center e um edifício-garagem com três mil vagas. O clube permaneceria concentrado no futebol e seguiria administrando o estádio.
Em tese, um eventual descredenciamento do Beira-Rio para a Copa de 2014 seria traumático. O secretário municipal da Copa, João Bosco Vaz, que acompanha todas as negociações com a Fifa, diz que não existe um plano B para a cidade, ou seja, a entidade não considera a hipótese de levar o evento para a Arena do Grêmio, que deve ficar pronta até o final do ano que vem. Além disso, a prefeitura projetou dez obras viárias de acesso ao Beira-Rio, já obteve financiamentos para começar algumas delas e dificilmente teria tempo para elaborar e executar alternativas.
Vaz não acredita em nenhuma das hipóteses que levariam a cidade a deixar de ser sede da Copa. "São Paulo ainda não têm estádio e lá não se fala nisso", compara. Para o secretário, os diretores do Internacional que admitiram a perspectiva de exclusão estão usando o argumento para convencer o conselho deliberativo do clube a optar pela proposta de parceria.