A preocupação sobre o cumprimento de prazos envolvendo estádios e aeroportos para a Copa do Mundo de 2014 passa longe do setor hoteleiro, também diretamente envolvido nos preparativos para o campeonato mundial de futebol. De acordo com a Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), vários projetos estão em andamento para aumentar a oferta de quartos e a rede hoteleira do País será capaz de abrigar os 600 mil turistas estrangeiros esperados para o evento, além dos torcedores brasileiros.
O governo federal criou em 2010, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a linha de crédito ProCopa Turismo, com R$ 1 bilhão destinado à construção e ampliação de hotéis em todo o País e condições especiais para empreendimentos localizados nas 12 cidades-sede da Copa. Um balanço de junho, do BNDES, aponta que R$ 211 milhões já foram aprovados para financiar a expansão da rede hoteleira e R$ 132,7 milhões estão em análise.
Entre os financiamentos aprovados, só há hotéis da Região Sudeste. Os demais pedidos são de empresas do Nordeste e do Sudeste. Juntas, as duas regiões têm sete cidades-sede. Embora abriguem as demais cinco sedes, as regiões Centro-Oeste, Norte e Sul não figuram na lista de solicitações ao BNDES.
Para o presidente da ABIH, Enrico Fermi Torquato, a linha de crédito do BNDES está voltada ao grande empresário, que na maioria dos casos investe em redes localizadas no Nordeste e no Sudeste. Ele cita como exemplo o financiamento da reforma do Hotel Glória, na zona sul do Rio, adquirido pelo empresário Eike Batista, maior bilionário brasileiro. O BNDES liberou R$ 146,5 milhões para o hotel. "O médio empresário tem dificuldade de ter acesso ao crédito por conta das garantias exigidas", afirma Torquato, ao lembrar que o banco impõe como condição de garantia de 110% do valor do empréstimo.
A mesma opinião tem a FBHA. Segundo o presidente da entidade, Alexandre Sampaio, por conta de maus negócios no passado envolvendo o setor hoteleiro, o BNDES passou a ser mais cauteloso nas questões de garantia para hotéis. "Aqueles que investem no Nordeste e no Sudeste são grandes grupos internacionais que têm mais possibilidade de garantir essas exigências. Nas outras regiões há grupos médios, sem tantas condições", diz.
No ProCopa, o BNDES financia projetos nas cidades-sede e capitais a partir de R$ 3 milhões. O BNDES também oferece ao empresário extensão do prazo para o pagamento caso o empreendimento obtenha certificados do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) para construções sustentáveis e com eficiência energética.