Futebol

Guerra na Ucrânia muda a vida do Chelsea, que tenta se manter na Champions

15 mar 2022 às 15:30

Roman Abramovich, 55, dono de fortuna avaliada pela Forbes em US$ 13 bilhões (R$ 66,57 bilhões pela cotação atual), revolucionou o mercado do futebol europeu e mudou a história do Chelsea nos últimos 19 anos. Tornou-se o símbolo máximo do magnata que compra uma equipe de porte médio, abre a carteira e a transforma em grande.


Os demais clubes ingleses e seus torcedores não se esqueceram de como o rival inflacionou os salários. Duas décadas depois, chegou a hora de ir à forra.


"Chelsea e integridade esportiva não pertencem à mesma frase", disse o dono do Middlesbrough, Steve

Gibson, em um ataque pouco comum entre dirigentes.


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Era uma resposta ao pedido do clube de Londres para que a partida entre eles no próximo sábado (19), no Riverside Stadium, pela Copa da Inglaterra, seja jogada com portões fechados.


A alegação do Chelsea é que seus torcedores não poderão ir ao jogo e isso seria esportivamente injusto. A agremiação está proibida de ter novas receitas como parte das sanções impostas pelo governo britânico a oligarcas russos, entre eles Abramovich.


O clube recebeu uma licença oficial para continuar em funcionamento. Pode jogar, pagar funcionários e permitir que torcedores donos de ingressos para toda a temporada entrem no estádio. Também está autorizado a receber verbas já acordadas antes da punição, como o dinheiro dos contratos de televisionamento. Mas "verbas novas" não podem entrar.


Isso significa estar proibido de negociar jogadores, assinar outros contratos de patrocínio, vender ingressos e produtos oficiais.


Tudo isso é consequência de sanções impostas a cidadãos russos que têm residência britânica, como consequência da guerra na Ucrânia.


Como protesto, a torcida cantou o nome de Abramovich durante a vitória sobre o Newcastle no último domingo (13). Boris Johnson pediu que parassem com aquilo, o que parece ser o caminho mais fácil para que continuem a fazê-lo. As redondezas do estádio de Stamford Bridge foram pichadas com palavras de ordem e exigências de que o clube seja "deixado em paz."


Que os dirigentes estejam preocupados em atuar sem a presença de público contra rival da segunda divisão mostra a guinada de 180 graus sofrida nos últimos 12 meses.


Há um ano, o Chelsea se preparava para derrotar o Atlético de Madrid por 2 a 0 e se classificar para as quartas de final da Champions League, torneio no qual seria campeão menos de três meses depois. Em fevereiro deste ano, venceu o Mundial ao derrotar o Palmeiras na final.


Nesta quarta-feira (16), o time é favorito para passar pelas oitavas de final da competição europeia. Visita o Lille com a vantagem por 2 a 0 obtida em casa. Mas entra em campo com mais dúvidas do que certezas.
"Se for preciso, eu pago", disse o atacante alemão Kai Havertz, sobre o custo para viajar à França. Pelas regras impostas pelo governo do Reino Unido, o Chelsea pode gastar apenas 200 mil libras (R$ 1,34 milhão) para partidas fora de casa.


O técnico alemão Thomas Tuchel ironizou e afirmou que pode dirigir uma van e levar os jogadores para enfrentar o Lille, se necessário.


A proibição de comprar e vender atletas afeta também a estrutura financeira do elenco e o futuro do próprio Tuchel, cotado para se transferir ao Manchester United. Como o Chelsea não pode receber recursos até que a decisão seja revertida, não está claro se ele poderia sair agora sem o pagamento de multa. Mas ele já avisou que fica pelo menos até o final da temporada.


Se o cenário não mudar, fica complicada também a situação dos nomes mais caros do elenco, como o atacante Romelu Lukaku, maior salário do clube (R$ 8,70 milhões por mês). A folha de pagamentos está avaliada em 162 milhões de libras (R$ 1,1 bilhão) por temporada. E o número é menor do que nos últimos anos porque nomes de altos vencimentos foram negociados e aliviaram o caixa, como Eden Hazard, Gary Cahill e David Luiz.


A única solução, no momento, para escapar das restrições é Abramovich vender a agremiação. Há interessados.


De acordo com a CBS, o Saudi Media Group, da Arábia Saudita, ofereceu US$ 3,5 bilhões (R$ 18 bilhões para comprar o clube). Grupos americanos ligados a empresários da NBA (a liga profissional de basquete) e da MLB (do beisebol) também avaliam fazer ofertas.


O valor de mercado do Chelsea é estimado em US$ 4 bilhões (R$ 20,5 bilhões).


Desde que o Olympique de Marselha foi campeão da Champions em 1993, um clube que é o atual dono do principal título europeu não passa por uma crise tão grande. Na época, o empresário Bernard Tapie, proprietário do time francês, foi acusado de esquema de compra de resultados.

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