Lamine Fofana quer falar. O franco-argelino de 57 anos, preso desde o dia 1º de julho no Rio e acusado de ser o líder do esquema ilegal de venda de ingressos da Copa do Mundo que foi desarticulado pela operação "Jules Rimet", pediu aos policiais para prestar novo depoimento, segundo contou o delegado Fábio Barucke, da 18ª DP (Praça da Bandeira), responsável pelo caso.
Fofana, que até agora havia se negado a prestar informações à polícia, deve ser ouvido nesta sexta-feira. "Partiu dele a vontade de falar", revelou Barucke. "Espero que seja esclarecedor. Só conversando com ele vou saber se realmente vai nos ajudar", afirmou o delegado.
Se não conseguirem ouvir Fofana nesta sexta-feira, os policiais esperam fazê-lo no máximo até segunda. Tanto para polícia quanto para Ministério Público, o franco-argelino é considerado peça-chave na quadrilha: negociava as entradas mais caras, inclusive as de camarote ("Hospitalidade", na definição da Fifa), que conseguia, segundo a acusação, com o CEO da Match, Raymond Whelan.
Os investigadores esperam que Fofana indique outros integrantes da quadrilha. Até agora, 12 já foram acusados de participação no esquema, dos quais apenas um está solto, o advogado José Massih, que responde o processo em liberdade.
Na segunda fase da investigação, os policiais da 18ª DP investigam nove suspeitos. Dois deles já prestaram depoimento na semana passada, um empresário de futebol e outro de marketing esportivo. Ambos constam ainda como suspeitos.
Com sua influência no meio da bola - era amigo de jogadores, cartolas e ex-atletas, chegando a postar em seu site fotos ao lado de Pelé, Joseph Blatter e Ricardo Teixeira -, Fofana circulava livremente pelo luxuoso hotel Copacabana Palace, no Rio, onde fez boa parte de seus negócios e estiveram hospedadas, durante a Copa do Mundo, as cúpulas de Fifa e da Match.
Durante o período em que teve as ligações de um de seus telefones - ele tinha vários - monitoradas pela polícia, o franco-argelino conversou quase diariamente com alguém na Suíça. A polícia ainda tenta descobrir quem era o contato de Fofana no país onde fica a sede da Fifa.
O franco-argelino também fez dezenas de ligações para o executivo inglês Raymond Whelan, que, assim como Fofana, está preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona norte do Rio. Após impetrarem pedidos de Habeas Corpus no Tribunal de Justiça e no Superior Tribunal de Justiça, os advogados do CEO da Match agora tentam o Supremo Tribunal Federal. Fifa e Match continuam afirmando que Whelan é inocente.