Havia expectativa pelo primeiro jogo do Flamengo diante de sua torcida depois de um mês de férias e da estreia no Brasileirão contra o Sport, na Ilha do Retiro. A volta de Ibson e a recepção das arquibancadas a Ronaldinho Gaúcho eram tramas a se observar. Tudo caminhava bem, neste sábado no Engenhão. O Flamengo vencia o desfigurado Internacional por 3 a 1, com gol do craque criticado e a paz parecia retornar à Gávea. Mas tudo desandou em três minutos, quando os colorados empataram (3 a 3) e restabeleceram o clima de tensão no time carioca.
Nos últimos dias, o técnico Joel Santana, sob forte pressão, defendeu o fato de nunca ter substituído Ronaldinho, alegando que ele poderia decidir a qualquer momento. Pois neste sábado, com o time precisando da vitória depois de ter sofrido a igualdade, ele sacou o camisa 10, que saiu sob vaias. O terceiro gol gaúcho surgiu em falha sua no meio de campo.
Mas o fato é que Joel sacou dois volantes e colocou dois volantes, tirou um atacante e colocou um atacante e nada mudou para os donos da casa, que somam dois pontos. "Cada um tem um modo de ver o futebol. Os três jogadores que vão encostar lá na frente têm mobilidade", argumentou o técnico Joel Santana, em referência aos quatro volantes no meio de campo.
Para os visitantes, que chegaram para o jogo com oito desfalques, entre eles D''Alessandro, Oscar e Leandro Damião, há de se comemorar um empate em território inimigo depois de se estar duas vezes em desvantagem de dois gols. O Inter conta agora quatro pontos.
O JOGO - Foi um bom primeiro tempo. Os flamenguistas apertavam a marcação na saída de bola e criavam dificuldades para os visitantes. Assim saiu o segundo gol. Antes, Ronaldinho cobrou escanteio e Airton pegou o rebote do goleiro Muriel para abrir o marcador, aos 8 minutos. Pouco depois, Índio se enrolou, foi desarmado por Ibson e cometeu pênalti.
Ronaldinho cobrou bem e ampliou. Na comemoração, fez reverência à pequena torcida. Lance importante, dado que o craque havia sido vaiado em seu primeiro erro, no início do jogo.
"Momento importante. Primeiro jogo do Brasileiro em casa depois de um primeiro semestre horrível com muita decepção", comentou Ronaldinho. "É um momento difícil para mim, com minha mãe com um problema de saúde. Nada melhor do que vencer e marcar gol", disse o atacante, sem prever o desastre do segundo tempo.
Aos 33, Fabrício cruzou e Gilberto, substituto de Damião, tocou para as redes. Dois minutos depois, Nei cometeu pênalti claro ao cortar com os dois braços chute de Ibson. André Luiz Castro ignorou. Logo aos três do segundo tempo, Vagner Love recebeu de Leo Moura, cortou Rodrigo Moledo e chutou de canhota para fazer o terceiro.
A vantagem se desfez como água com a avenida nas costas de Leo Moura, que Joel não observou e não consertou. Fabrício recebeu livre e acertou um petardo no ângulo de Paulo Victor, aos 22. Três minutos depois, Ronaldinho perdeu a bola no meio-campo e Dátolo chutou livre, no canto esquerdo do goleiro rubro-negro.
Entre os erros e raros momentos de brilho do seu astro e as decisões equivocadas de seu técnico, o Flamengo segue em uma interminável crise dentro e fora de campo. O próximo adversário será a Ponte Preta, no dia 6, em Campinas. Os gaúchos também ganharam 10 dias para recuperar a turma lesionada antes de receber o São Paulo, dia 6 de junho.