Na madrugada desta sexta-feira no Brasil, será conhecida a sede da Copa do Mundo feminina de 2027. A escolha se dará por meio de votação aberta das 211 federações nacionais filiadas à Fifa (Federação Internacional de Futebol), durante o congresso da entidade em Bangkok, na Tailândia. A cerimônia tem previsão de início às 9h de sexta-feira (17) na capital tailandesa, 23h de quinta (16) no horário de Brasília.
O Brasil concorre com a candidatura conjunta de Alemanha, Holanda e Bélgica e desponta como favorito por ter sido mais bem avaliado pelos oficiais da Fifa, após visita de inspeção nos locais de competição.
Os responsáveis pela organização do projeto no Brasil defendem que a escolha do país pode contribuir para o desenvolvimento do futebol feminino, trazendo mais adeptos à prática na região.
"Nós queremos muito levar para o Brasil e para a América do Sul o principal evento esportivo de mulheres do mundo. E acreditamos que uma vitória na sexta seria a confirmação de um trabalho de candidatura bastante sólido, mas também o início de um novo trabalho que pode levar a uma mudança profunda no futebol feminino da América do Sul", disse Valesca Araújo, responsável pelo planejamento de infraestrutura e operações do evento.
"Estamos indo para a Tailândia muito confiantes no trabalho realizado até aqui, satisfeitas com as propostas apresentadas à Fifa e principalmente certas de que estamos no momento ideal para impulsionar, junto com o governo federal, Conmebol, parceiros comerciais e sociedade civil, o desenvolvimento do futebol feminino, dentro e fora do campo, no Brasil e na América do Sul, independente do resultado da votação", afirmou Aline Pellegrino, vice-campeã mundial em 2007 e atual coordenadora de competições femininas da CBF.
A expectativa positiva em relação à escolha do país para sediar o Mundial das mulheres decorre da nota de avaliação mais alta da candidatura brasileira em comparação com o trio europeu. No início do mês, a Fifa divulgou relatório no qual avaliou o Brasil com a nota 4, de uma escala de 0 a 5, enquanto a candidatura conjunta europeia recebeu 3,7.
Também contribui para o favoritismo a desistência da candidatura de EUA e México, anunciada no fim de abril. As federações de futebol dos dois países afirmaram que vão se preparar para apresentar um projeto mais bem-acabado para a edição seguinte, em 2031.
Os dez estádios indicados pelo Brasil para sediar a competição, que foram reformados há dez anos para receber partidas da Copa de 2014, tiveram nota 3,7. Já os 13 estádios dos países europeus -entre os quais a Johan Cruyff Arena, do Ajax, em Amsterdã, e o BVB Stadion, do Borussia Dortmund- ganharam 3,4.
A candidatura brasileira conta com dez cidades para receber os 64 jogos do Mundial, duas a menos do que a Copa de 2014, de modo a trazer maior conforto logístico e reduzir os custos e o tempo de viagem das seleções.
O Brasil entrou na disputa contando com as cidades, e os respectivos estádios, de Belo Horizonte (Estádio do Mineirão), Brasília (Mané Garrincha), Cuiabá (Arena Pantanal), Fortaleza (Arena Castelão), Manaus (Arena Amazônia), Porto Alegre (Estádio Beira-Rio), Recife (Arena Pernambuco), Salvador (Arena Fonte Nova), São Paulo (Neo Química Arena) e Rio de Janeiro (Maracanã).
O Beira-Rio, do Internacional, está entre os afetados pelas enchentes atingiram o Rio Grande do Sul.
Os jogos de abertura e de encerramento estão programados para acontecerem na capital carioca, com o início do torneio no dia 24 de junho de 2027 e a final no dia 25 de julho. No período, os principais torneios de futebol no país serão suspensos.
De acordo com os organizadores, como os dez estádios foram utilizados na Copa de 2014 e estão em boas condições de uso, o principal gasto relacionado ao evento em 2027 seria com a montagem de estruturas temporárias.
Conforme os cálculos da candidatura brasileira, esses gastos devem somar cerca de US$ 13,3 milhões (R$ 65 milhões) e envolvem, por exemplo, a montagem de tendas para receber convidados e imprensa e para a realização de reuniões. O financiamento viria por meio de parceiros e patrocinadores da Fifa e da CBF, sem a utilização de verba pública.
O gasto público, segundo Araújo, seria direcionado basicamente a questões como melhorias de acesso em ruas próximas aos estádios e relativas à segurança no entorno.
O Brasil também se compromete a fornecer aos torcedores transporte gratuito de ida e volta para os estádios, fazendo acordos com os órgãos responsáveis de transporte público nas cidades-sede.
"A candidatura do Brasil oferece bons estádios, geralmente configurados para os maiores torneios internacionais de futebol, tendo sediado a Copa do Mundo de 2014. Também apresenta uma forte posição comercial, com uma combinação de potencial de receita competitiva e eficiências claras de custo", diz o relatório de avaliação da Fifa.
"Receber uma Copa do Mundo depois de 13 anos, já contando com o know-how de uma grande operação, estrutura de estádios que precisará de poucas adaptações e rede hoteleira adequada, pode ser uma ótima aposta caso os custos sejam bem geridos e os aspectos de retorno para o país e cidades-sede bem metrificados para que possam ser atingidos", disse Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.
Ainda de acordo com as estimativas, as receitas geradas pela Copa do Mundo feminina de 2027, sem contar os direitos de transmissão, negociados diretamente pela Fifa após a escolha oficial da sede, tendem a oscilar ao redor de US$ 100 milhões (R$ 496 milhões).
Desse montante, a maior parte do valor arrecadado viria da venda de ingressos (US$ 57,4 milhões; R$ 286 milhões) e dos gastos com hospedagem (US$ 29,5 milhões; R$ 147 milhões), além de US$ 10 milhões (R$ 50 milhões) via patrocínio privado.