Acusado de silenciar sua própria imprensa por ONGs de todo o mundo e mesmo pela ONU, o governo russo é denunciado agora por estabelecer limites para a cobertura da imprensa estrangeira que, nas próximas semanas, começa a desembarcar no país para cobrir a Copa das Confederações. As mesmas regras devem valer para a Copa do Mundo, em 2018.
De acordo com um guia publicado pelos russos para a Copa das Confederações, que serve de teste para a Copa do Mundo, jornalistas credenciados poderão apenas "cobrir a Copa das Confederações da Fifa e eventos relacionados". O território onde poderão atuar estará ainda limitado às "cidades-sedes e os locais culturais nas redondezas".
Caso um jornalista queira fazer uma reportagem em qualquer lugar fora da zona das cidades-sedes, terá de solicitar um credenciamento separado para as autoridades russas.
As supostas limitações já causaram polêmica pela Europa. O jornal alemão Bild anunciou no início desta semana que, por conta das regras impostas pelos organizadores, não enviará seus jornalistas para a cobertura da Copa das Confederações.
"Um jornalista que não pode reportar sobre tudo o que ele vê não é um jornalista. Mas um propagandista", disse o jornal, num comunicado. "Bild não enviará nenhum repórter para a Copa das Confederações enquanto essa censura prevalecer", disse.
O vice-presidente ministro russo, Vitaly Mutko, garantiu que a imprensa poderá cobrir "tudo o que ela quiser, sem problemas". Mas apontou que as regras para o credenciamento de jornalistas estrangeiros existem desde 1994. "Na Rússia, existe um processo de credenciamento", disse.
Mutko, numa declaração com a Fifa, ainda garantiu: "não existem restrições aos jornalistas. Eles podem escrever sobre qualquer coisa que quiserem". De acordo com a Fifa, "não existem restrições no território das cidades-sedes ou em territórios próximos".
Ainda assim, um dos membros do Conselho da Fifa, o alemão Reinhard Grindel, promete levar o caso para a próxima reunião da entidade, no dia 9 de maio. "Não pode haver restrição", defendeu. O presidente da Liga Alemã, Reinhard Rauball, também insistiu que "o respeito pela liberdade de expressão precisa estar garantido".