O atacante do Botafogo Emerson foi absolvido pelas críticas que fez contra a CBF, mas acabou punido com quatro jogos de suspensão por ofensas ao árbitro Igor Benevenuto durante a partida com o Bahia, no último dia 17. A decisão foi tomada em audiência da 1ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, na noite desta segunda-feira, no Rio.
Outros dois jogadores do Botafogo foram julgados na mesma sessão. O meia Ramirez sofreu apenas uma advertência por um tapa em um jogador do Bahia que causou sua expulsão. O lateral Julio Cesar, assim como Emerson, foi punido por quatro jogos de suspensão por ofensa ao árbitro.
O caso de Emerson entrou em evidência em razão das críticas contra a CBF que o jogador fez em frente a uma câmera de TV ainda no gramado. Após ser expulso por receber o segundo cartão amarelo, ele se dirigiu à câmera e disse: "CBF você é uma vergonha, vergonha, vergonha!". O árbitro da partida registrou na súmula que teria sofrido ofensas do jogador botafoguense.
Emerson foi denunciado pela Procuradoria do STJD em três artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). São eles: 243-F (ofensa à arbitragem), 254 (jogada violenta), e 258 (atitude reiterada de afronta e reclamação contra instituições e autoridades com claro intuito intimidatório e desrespeitoso por meio da mídia). Ele foi absolvido nos dois últimos artigos.
O auditor relator Felipe Bevilacqua apenas advertiu o jogador pelas críticas à CBF, mas destacou que foram realizadas em local inadequado. "Me limitei a achar que foi apenas um protesto. Não se tratou em momento nenhum de um desrespeito. Lógico que ele tem direto de protestar, só que o local não é apropriado para esse tipo de protesto. Nesse sentido, acho que não foi apropriada a atitude do jogador", defendeu.
O procurador William Figueiredo, além de pedir punição de Emerson por agressão física a um jogador adversário e verbal ao árbitro, condenou as declarações à CBF. "Por mais que seja a opinião do atleta, esse não é o veículo próprio. Há outros veículos para demonstrar opinião. É uma conduta que deve ser afastada", afirmou Figueiredo, que criticou as reclamações de Emerson e Julio Cesar diretamente ao árbitro Igor Benevenuto. "A gente vê aqui atletas pedindo atitudes melhores dos dirigentes, mas o árbitro também é profissional e também merece respeito."
Em depoimento, Emerson alegou que não teve intenção de ofender a CBF ou o árbitro. Ele definiu sua atitude como um desabafo de descontentamento com a arbitragem brasileira neste ano. "O caso do Botafogo e Bahia não foi isolado. Vem ocorrendo em todos esses meses de competição. Ninguém está satisfeito. Não quis agredir em nenhum momento a CBF. Espero que as pessoas não tenham entendido como uma ofensa à entidade, foi só um desabafo", disse o atacante.
O advogado do jogador do Botafogo, Anibal Rouxinol, defendeu as críticas que Emerson fez à CBF. "O jogador faz um desabafo. O que o Emerson fez na qualidade de um atleta profissional está na constituição federal: a liberdade de expressão. Direito fundamental. Talvez não fosse o palanque ideal", admitiu.