Eduardo Baptista tem aos 45 anos o maior desafio da carreira. O treinador recebeu a responsabilidade de dirigir o Palmeiras, atual campeão brasileiro. Com o elenco reforçado por contratações, ele lida com dois desafios: buscar títulos e lidar com as comparações com o antecessor, Cuca.
Em entrevista exclusiva ao Estado, Baptista avaliou o trabalho e falou sobre as dificuldades - a entrevista foi feita antes da classificação do Palmeiras para a semifinal do Campeonato Paulista. Confira:
Após quatro meses, o time já está como você deseja?
O Palmeiras é um time com elenco muito qualificado e sem limites. A gente conseguiu coisas importantes que traçamos. Montar uma espinha dorsal, por exemplo, era importantíssimo. Sempre falo que não vou conseguir ter o time ideal. Nem é esse o objetivo. Mas preciso ter uma estrutura e deixar espaços abertos para aqueles jogadores que estiverem em grande momento.
Em alguns jogos a torcida gritou pelo Cuca. Você acha que superou essa desconfiança?
Essa desconfiança vai ter o ano inteiro. O Cuca fez um trabalho esplêndido. Então, em qualquer momento de oscilação, isso vai acontecer. E o time vai oscilar. Todos passam por isso durante o ano, porque jogam quarta e domingo. Como eu sempre falo, remédio para isso é um bom desempenho.
Você se preocupa com esse peso de substituir o Cuca?
De jeito nenhum. É a mesma coisa que o cara ir trabalhar no São Paulo e querer fazer o mesmo que o Telê Santana. O Cuca conseguiu o feito. Quando cheguei, a preocupação era que eu ia mudar o que foi feito por ele. Em nenhum momento eu mudei. Criei variações do que o Cuca deixou. O legado dele, não posso jogar fora. Essa ideia de que o Cuca é um fantasma é nada. É um cara que fez um legado aqui e a gente vai dar sequência. O Cuca sempre será lembrado. Depois de 22 anos, o cara conquistou um título. Em nenhum momento ele está me atrapalhando. Se em algum momento eu precisar ligar para o Cuca, tenho o telefone dele, está na minha agenda, e ele vai me receber muito bem.
O que o time teve do Cuca nos últimos jogos e o que teve do Eduardo Baptista?
No jogo de ida contra o Novorizontino, o segundo gol foi de lateral. Quantos gols o Palmeiras não fez ano passado? Fizemos um gol da maneira como o Cuca fazia. Já o terceiro gol, foi à la Eduardo Baptista. Uma marcação por zona, roubamos a bola e marcamos.
O elenco tem jogadores de personalidade. Como é essa gestão de pessoas?
Isso vem de 2016. O Alexandre Mattos (diretor de futebol) tem papel importante. As contratações têm a preocupação com o caráter do atleta, da maneira como se comportou em clubes anteriores. São jogadores de caráter, profissionais, muitos deles com alto grau de experiência. O importante é os jogadores verem no comando uma honestidade para escalar, uma coerência.
O que o Palmeiras vai precisar para ganhar a Libertadores?
Só a qualidade não vai ganhar nada e só será um fator de desequilíbrio se você for competitivo. Se entrar de igual para igual, correr mais que o seu adversário, brigar mais, se igualar esses quesitos, aí sim a qualidade vai fazer a diferença. Todos os dias os trabalhos são voltados para isso.