Ícone de uma geração de goleiros brasileiros nascidos em 1973, Dida afasta cada vez mais sua história no futebol de Marcos e Rogério Ceni. Diferentemente de seus companheiros no pentacampeonato mundial na Copa de 2002, o baiano nunca foi de dar declarações polêmicas, trilhou uma carreira de sucesso em vários clubes, inclusive na Europa, e já se prepara para virar técnico logo quando pendurar as luvas, enquanto seus contemporâneos optaram por um período de férias após suas aposentadorias.
Mas isso ainda vai demorar um pouco. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o jogador de 42 anos garante que ainda não largou o futebol profissional. Sem contrato com o Internacional, sua última equipe, desde o final do ano passado, Dida continua presente na rotina diária do clube gaúcho. Ele está fazendo "acompanhamento e observação de treinamentos", disciplina do curso de treinador da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Sempre discreto dentro e fora de campo, o veterano diz que não terá problemas para comandar um grupo de 40 pessoas quando se aposentar. "Sempre fui muito sério e continuo sendo reservado e equilibrado, mas acho que o mais importante é você saber conduzir toda a equipe, sabendo lidar com todas as dificuldades da profissão."
Se lidar com atletas não será um problema, a obrigação de encontros quase diários com a imprensa preocupa o pentacampeão. "Essa parte vai ser bem mais difícil. Até lá quem sabe já aprendi a lidar com isso."
RETORNO - Sem nenhuma proposta oficial, Dida explica que não quer se despedir do futebol sendo apenas reserva, situação que aconteceu em 2015, quando perdeu lugar para Alisson. "Ano passado não atuei, passei o ano treinando e me pondo à disposição na reserva. Estou aproveitando a estrutura aqui no Internacional e treinando em separado para me manter pronto caso apareça um clube."
Esta é a segunda vez que o goleiro vive com a indefinição sobre seu futuro. Em 2011, quando seu contrato com o Milan terminou, ele até se arriscou no futebol de areia, possibilidade que está descartada desta vez. "Naquela ocasião foi mais para marketing do evento e também foi um pedido dos dirigentes do Milan para promover a marca do clube aqui no Brasil", conta Dida, que voltou aos gramados pela Portuguesa, em 2012.
Campeão baiano pelo Vitória, da Libertadores pelo Cruzeiro, do Mundial de Clubes pelo Corinthians e da Liga dos Campeões com o Milan, o camisa 1 do Brasil na Copa do Mundo de 2006 não foi consultado por nenhum desses times para uma possível despedida como Marcos e depois Rogério Ceni tiveram em Palmeiras e São Paulo, respectivamente. E parece não se importar muito com essa situação. "Não penso muito nisso."