A ginástica artística brasileira assiste neste sábado ao embate entre suas duas maiores estrelas: Daniele Hypólito e Daiane dos Santos. Mas, em vez de ser uma simples seletiva de duas horas para confirmar as duas ginastas para as primeiras etapas da Copa do Mundo, o evento em Curitiba colocará à prova algumas das principais apostas para os Jogos de Atenas e ainda confrontará as atletas pelo título simbólico de melhor ginasta do país no momento.
A partir das 10 horas, ao lado de outras seis atletas da equipe permanente, elas estarão pela primeira vez juntas desde o Mundial-03 e irão competir em todos os aparelhos - solo, trave, salto e paralelas assimétricas - pelo direito de integrar a delegação que levará seis ginastas (três mulheres e três homens) para as etapas da Copa na Alemanha, na França e no Rio.
Ao mesmo tempo que ostenta maior status agora, após obter no solo o ouro inédito do Brasil no Mundial e conquistar o título na etapa da Copa em Stuttgart, Daiane tenta manter a hegemonia no solo e quebrar o tabu de nunca ter vencido a colega no individual geral em um torneio de peso no país.
Para isso, ela vai inovar. Tanto que executará pela primeira vez no solo seus principais movimentos: o duplo twist carpado (batizado de "Dos Santos" pela federação internacional, no qual realiza um mortal com meia-volta e dois giros no ar, com as pernas flexionadas) e sua versão, o esticado.
Já Daniele, hexacampeã brasileira no individual geral e dona da primeira medalha do país em Mundiais, volta a Curitiba depois de ter deixado a seleção permanente para treinar no Rio.
"Estou vivendo uma fase muito tranqüila na minha vida. Venho treinando com bastante empenho no Rio. Além disso, estou no meu peso ideal e as contusões são coisa do passado. Vou mostrar nesta seletiva o quanto tenho evoluído."
E, para apagar a má impressão deixada no final da última temporada - teve seu desempenho afetado por uma contusão -, não deixará por menos: exibirá uma nova série nas paralelas.
"É um movimento no qual giro com um braço só [segundo a CBG, apenas uma chinesa executa a série hoje]. É um elemento novo que exige concentração e técnica", diz a atleta, que prepara nova performance no solo. Ela terá ao lado sua técnica, Georgette Vidor, que revê a CBG após discussões com a presidente da entidade, Vicélia Florenzano, em 2003.
Daniele, nas paralelas, e Daiane, no solo, integram os planos da ginástica brasileira de obter medalhas por aparelhos, já que, apesar de classificar a seleção (seis ginastas), o próprio técnico Oleg Ostapenko disse achar muito difícil um pódio da equipe em Atenas.
As duas atletas desdenham da expectativa de um duelo. "Eu não cheguei sozinha até aqui. Também precisei da ajuda das amigas", diz Daiane.
"Somos unidas. Sempre precisamos conversar uma com a outra antes das competições", afirma Daniele.
As atletas serão avaliadas por três árbitros da CBG. No masculino, como Diego Hypólito, Mosiah Rodrigues, Michel Conceição e Danilo Nogueira já vinham sendo avaliados, a CBG apenas irá divulgar os três classificados.
Informações Folha Online