O CD (Conselho Deliberativo) do Corinthians ferve desde que Pedro Silveira, diretor financeiro, admitiu um erro nos R$ 220 milhões atualizados de dívida fiscal do clube, que foram apresentados no "Dia da Transparência".
DÍVIDA MISTERIOSA ACIRRA GUERRA POLÍTICA
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No balanço do primeiro semestre de 2024, a diretoria atualizou o valor da dívida do clube para R$ 2,3 bilhões. Para chegar ao novo número, um débito tributário de R$ 220 milhões foi acrescido à soma.
Porém, este número não corresponde à realidade. Na correção, o Corinthians deve R$ 76 milhões em impostos para a Prefeitura de São Paulo, mais R$ 30 milhões em tributos federais -R$ 106 milhões ao todo. Ou seja, do que foi incialmente apresentado, R$ 114 milhões foram retirados.
A reportagem apurou que a gestão atual renegociou dívidas com a Prefeitura, aproveitando um "feirão" com juros mais baixos. Outros clubes da capital fizeram o mesmo.
O mistério sobre o valor inicial apresentado pela atual diretoria, aliada a outras questões financeiras não respondidas, incomodou conselheiros, que enviaram um ofício a Romeu Tuma Jr., presidente do CD, cobrando explicações.
Em reunião na última segunda-feira (30), Pedro Silveira chegou a pedir desculpas ao Conselho de Orientação (Cori) por não conseguir justificar o cálculo anterior. O Cori suspendeu uma de suas reuniões recentes por falta de dados disponibilizados pelo departamento financeiro.
Ainda na segunda-feira, Tuma exigiu uma retratação, inclusive com um comunicado por escrito endereçado à imprensa, que não foi publicado.
Ao ser questionado pela reportagem, o Corinthians reconheceu o erro e disse "o ajuste contábil no balanço do clube ainda não estava concretizado".
"As contingências de anos anteriores era de aproximadamente R$ 171 milhões, não R$ 220 milhões como anteriormente informado. Após os parcelamentos, a dívida adicional chegou a R$ 106 milhões", afirma o Corinthians, em nota oficial.
AÇÃO CAUTELAR CRIA PRINCÍPIO DE DISCUSSÃO
Na mesma reunião, a diretoria levou alguns juristas da Advocacia Galdino, recém-contratada pelo clube, para explicar a ação cautelar com pedido de liminar que é estudada internamente.
O plano dos dirigentes é suspender execuções de cobrança e bloqueios de bens por 60 dias, a fim de dar respiro aos cofres e a possibilidade de mediar acordos com mais tranquilidade.
No entanto, a possibilidade desta medida assusta parte do Conselho, uma vez que a manobra jurídica é interpretada como antecipação para medidas mais drásticas, como recuperação judicial ou extrajudicial.
Irritado com o assunto, que não estava na pauta do dia, Romeu Tuma chegou a ter um princípio de discussão com Fred Luz, consultor de operações especiais do clube. A situação foi minimizada pelo encerramento precoce da reunião.
Vários credores já demonstraram interesse em realizar acordos. Projetando esse cenário, a diretoria busca aproximação do Conselho para trabalhar em conjunto a possibilidade de renegociações.
Nenhuma das partes se manifestou sobre o atrito. Caso haja resposta, este texto será atualizado.
Na próxima segunda-feira (7), todo o Conselho Deliberativo do Corinthians irá se reunir para debater os seguintes assuntos:
Leitura e aprovação da Ata da reunião anterior;
Prestação de Contas da Comissão de Mulheres do Conselho Deliberativo;
Prestação de Contas - Apresentação de Relatórios Diversos da Comissão de Justiça do Conselho Deliberativo, referentes a requerimentos de Conselheiros (Alvarez & Marsal; Empresa de Segurança; Comunicação; Ernst & Young);
Prestação de Contas - Apresentação de Relatório Conjunto das Comissões de Justiça e de Marketing do Conselho Deliberativo, referente ao Fiel Torcedor;
Análise e discussão sobre eventual iniciativa unilateral da Diretoria referente a Medida Cautelar Judicial (Lei 11.101/2005 que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário.
O QUE DIZ O CORINTHIANS
O Sport Club Corinthians Paulista vem a público elucidar informações apresentadas durante o Dia da Transparência, realizado em 13 de setembro de 2024, no qual foram compartilhados os dados financeiros relativos ao primeiro semestre e a visão de futuro do clube.Entre os pontos abordados, foi analisado o passivo de dezembro de 2023 somado a uma dívida fiscal de R$ 220 milhões, que não estava originalmente contabilizada no balanço. Essa soma representava uma visão gerencial do passivo total do início dessa gestão, e essa dívida fiscal pode ser detalhada em dois grandes blocos: débitos municipais e federais.No pilar municipal, entre diversas ações existentes, havia uma de R$ 141 milhões referente ao ISS (Imposto sobre Serviços) sobre bilheteria, resultante de uma autuação da Prefeitura de São Paulo, semelhante ao que ocorreu com outros clubes paulistas. No passado, orientado por assessoria especializada, o Corinthians não contabilizava esse valor, pois a avaliação de risco era somente possível, o que não exige contabilização pela legislação contábil. Dado o fato de que esta autuação estava relacionada à incidência do imposto sobre bilheteria, que teve seu risco alterado para perda provável, a mesma assessoria aconselhou o clube a aderir a um modelo de parcelamento e, assim, o valor foi novado e contabilizado no balanço.É importante destacar que, ao aderir ao programa de parcelamento oferecido pela Prefeitura (PPI) e uma nova transação tributária municipal, o Corinthians reduziu o valor da autuação de R$ 141 milhões para R$ 76 milhões, um desconto de aproximadamente R$ 65 milhões. Consideramos, portanto, em nossa visão gerencial da dívida no material apresentado, o passivo de R$ 141 milhões em dezembro de 2023, e o valor novado pós parcelamentos de R$ 76 milhões na posição de junho - o ajuste contábil no balanço do clube ainda não estava concretizado.No âmbito federal, a assessoria tributária do clube, junto com o departamento fiscal, inicialmente identificou uma dívida de cerca de R$ 80 milhões. Contudo, ao realizar uma análise mais minuciosa, constatou-se que o valor real era de R$ 30 milhões. Essa diferença decorreu de divergências entre os relatórios da Receita Federal e os relatórios existentes no clube. Essa situação está sendo corrigida, com ajustes nos processos internos do clube, que demandam tempo para total adequaçãoEm resumo, as contingências de anos anteriores era de aproximadamente R$ 171 milhões, não R$ 220 milhões como anteriormente informado. Após os parcelamentos, a dívida adicional chegou a R$ 106 milhões.Essas ações reforçam o compromisso da diretoria do Sport Club Corinthians Paulista com a regularização das finanças do clube, garantindo uma administração financeira sólida e transparente que assegure a sustentabilidade futura da instituição.