A suspensão o Campeonato Brasileiro deve ficar apenas na ameaça, se depender dos três clubes do Paraná que participam do torneio.
Os diretores do Paraná Clube foram os primeiros que se apressaram a confirmar a partida de sábado, às 15h30, contra o São Caetano.
O superintendente de futebol Ricardo Machado Lima assegurou que a partida seria realizada, independente da decisão da CBF e já havia entrado em acordo com diretores do São Caetano, furando o boicote ameaçado no dia anterior.
O Atlético-PR, único que teve representante na reunião de quarta-feira, na CBF, a princípio suspendeu a venda de ingressos para o jogo com o Flamengo, que deveria ter começado ontem, apoiando o boicote.
Mas voltou atrás no começo da tarde e anunciou que os ingressos passam a ser vendidos a partir das 10 horas desta quinta-feira, cumprindo o prazo de 72 horas antes do início da partida, previsto pelo Estatuto de Defesa do Torcedor.
O diretor de Futebol do Atlético, Alberto Maculan, afirmou que o time só não entra em campo no domingo se a CBF enviar alguma documentação oficial suspendendo ou cancelando toda a rodada.
O presidente do Coritiba, Giovane Gionédis, não quis dar opinião antes de saber o que aconteceria na reunião marcada para ontem à noite entre representantes do Clube dos 13 e da CBF com o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz. No entanto, o secretário do Conselho, Domingos Moro já havia se pronunciado contra a paralisação, mesmo que ainda tenha algumas críticas ao Estatuto do Torcedor.
Mesmo o presidente da Federação Paranaense de Futebol, Onaireves Moura, aliado de primeira hora do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, já não tinha tanta certeza da força dos clubes de paralisar o Brasileirão.
"O futebol não pode parar, mas não pode prosseguir do jeito que está", afirmou, referindo-se às alegadas dificuldades dos clubes em cumprir o Estatuto. "Vamos tentar um acordo para que o Estatuto não valha para as competições que já começaram e sim só para as que ainda vão começar", disse.
Na Justiça - Antes mesmo de ser confirmado se haveria ou não um boicote ao Brasileirão, o Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado do Paraná (Sindatleta) entrou com uma representação contra a CBF e o Clube dos 13, responsabilizando-os por infringir o que determina a Lei do Estatuto do torcedor. Caso a representação seja aceita, as penas aos dirigentes vão desde a suspensão até a destituição compulsória dos dirigentes envolvidos.
O Sindatleta lembra que existe agora um calendário anual de eventos oficiais, aprovado pelo Sistema Nacional de Deporto, que deve ser obedecido. Neste calendário está incluído o Campeonato Brasileiro de Futebol de 2003 que, portanto, não pode ser interrompido por vontade dos dirigentes. "Se os cartolas não querem compromisso, devem pedir a renúnica de seus cargos", diz o sindicato na representação.
O documento protocolado ontem às 17h27 no Ministério Público Federal, em Curitiba, lembra também que, se a competição for paralisada, haverá quebra de contratos de patrocínio e televisionamento, "lesando milhares de assinantes/torcedores que compraram ingressos antecipados e o pay-per-view das televisões a cabo ou por assinatura, infringindo frontalmente o código do torcedor".
"É uma maneira de garantirmos os direitos do torcedor e de combatermos a tentativa dos cartolas e da CBF de não adotar o Estatuto", afirmou o superintendente do Sindatleta, Fábio Aguayo. "Se não houver o boicote, tudo bem, mas se houver, já estamos cobrando providências do Ministério Público", completou.