A falta de liberação do público por parte do governo do estado da Bahia não era o que os clubes do Campeonato Brasileiro esperavam para esta semana. Havia confiança de que todas as praças da Série A teriam aval para o retorno da torcida. Assim, o cenário atual força os dirigentes a uma discussão que estava perto de ser superada: decidir manter ou não o acordo feito em 8 de setembro, que previa liberação da torcida na Série A só se 100% das sedes tivessem autorização.
Agora, existe uma chance de mudança do acordo, como publicou o colunista do UOL Rodrigo Mattos. Ele apurou que há uma proposta para que os jogos do Bahia sejam realizados sem público dentro e fora de casa. É provável que essa ideia seja discutida na reunião desta terça-feira (28). Outra possibilidade seria o Bahia jogar fora do Estado.
O conselho técnico se reúne nesta terça (28) junto à CBF, conforme programado. O cenário anterior era de união dos clubes contra o Flamengo, que tinha uma liminar a seu favor, mas a decisão caiu no STJD. Agora, as tratativas para presença de público avançaram com sucesso em quase todas as praças -até São Paulo, que tinha cenário complicado-, mas a Bahia permanece como exceção.
Os clubes têm a prerrogativa de mudar o acordo feito há 20 dias. Na ocasião, os 19 presentes firmaram a posição pela necessidade de ter 100% de autorização para aprovar o retorno da torcida na Série A. O Flamengo se ausentou da reunião.
Neste momento, a posição do Bahia é vista como crucial para o rumo da discussão. O Bahia defende que seja mantido o acordo feito pelos clubes no último conselho técnico. Mas a previsão mais otimista é de que o governador Rui Costa (PT) possa mudar sua decisão em outros 15 dias, quando haverá uma revisão do tema.
Entre os dirigentes, há quem cite outro ingrediente na discussão. Na reunião do dia 8, o presidente Guilherme Bellintani chegou a fazer a proposta de que o público voltasse quando houvesse 80% das cidades com autorização. Ele só mudou o voto para os 100%, proposta feita pelo Sport, ao ver que os demais estavam indo nessa linha.
Consultados pelo UOL, alguns presidentes de clubes não se mostraram convictos a respeito do que irá acontecer e preferem esperar o debate desta terça. É um cenário diferente do no mês passado quando havia uma posição conjunta contra a volta do público se não fosse de todos.
"Vamos ver. Não tem o que dizer agora. Vamos ver a opinião do resto dos clubes. Pelo que decidimos na última, se não liberasse um, iríamos manter sem público. Mas vamos ver o que o pessoal diz. Se foi decidido na primeira reunião por causa de isonomia, vamos ver se os presidentes vão manter", disse o presidente do Juventude, Walter Dal Zotto.
Deixar o Bahia ou qualquer outro clube para trás "não foi o acordo", segundo o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan.
A perspectiva dos clubes era liberar o público para a 23ª rodada, com os primeiros jogos marcados para sábado (2). O Bahia, se tivesse aval, faria seu primeiro jogo com torcida diante do Ceará, na Arena Fonte Nova.
"Eu não tenho opinião formada sobre o assunto. Quero ouvir as opiniões. É um tema delicado. Vou deixar para discutir com o grupo, até porque estamos procurando dar uma unidade ao tema", afirmou o presidente do Ceará, Robinson de Castro.
Mas há clubes que não estão tão em cima do muro. O Flamengo já tinha tentado movimento isolado de volta da torcida e não tem compromisso de retroceder agora. O rubro-negro, inclusive, vê que muitos estados só avançaram rumo à permissão de público após o movimento feito pela diretoria junto às autoridades cariocas.
O Cuiabá é outro que pretende votar sim para o retorno da torcida. O Atlético-MG chegou a votar com a maioria no conselho técnico passado, mas já se posicionou dizendo que usaria a liminar para colocar torcida no estádio, caso o Fla o fizesse. O Atlético-GO é outro que aposta no retorno do público.
Quem acompanhou as últimas reuniões observa que a posição de esperar todos para voltar era dominante na época. Mas, então, não havia a liberação de todos os estados. A questão é se o bloco do "sim" ganhará mais adeptos a ponto de se formar uma maioria.