Diante da pressão para que o Brasil não sedie a Copa América em meio à pandemia de Covid, o presidente Jair Bolsonaro comparou nesta segunda-feira (7) a situação do país, onde 14,3% da população recebeu duas doses de vacina, com a do Japão, que receberá as Olimpíada e tem apenas 3,4% das pessoas imunizadas.
"Japão, se eu não me engano, 3% foram vacinados pela segunda dose. E vão fazer Olimpíada. Copa América aqui não pode, quer dizer, não querem", afirmou Bolsonaro ao interagir com apoiadores pela manhã, no Palácio da Alvorada. O campeonato no Brasil tem estreia prevista para domingo (13).
O vídeo da conversa entre o mandatário e seus eleitores foi gravado e publicado em versão com cortes em um canal na internet.
Quando um dos apoiadores citou desacordo com o treinador Tite, que tem indicado lealdade aos jogadores da seleção brasileira, revoltados quanto à realização da Copa América no Brasil, Bolsonaro disse não se envolver nessas questões.
"A minha participação na Copa América é abrir o Brasil para que ela fosse realizada aqui. Já tem os quatro estados acertados, tudo certinho. No tocante a jogador, técnico, eu estou fora dessa, não tenho nada a ver com isso aí. Tá legal?", disse Bolsonaro.
O presidente negou ter dito que não admite rebelião de jogadores e disse que "cada um tem na tua cabeça uma seleção e um técnico", mas sem dar nomes.
"Eu tenho na minha também, só que a minha eu falo para os meus amigos aqui. Nem para vocês eu falo, porque estão gravando aqui", afirmou.
Já o vice-presidente Hamilton Mourão foi mais enfático nas críticas a Tite ao conversar com jornalistas pela manhã.
Para Mourão, a discussão sobre a realização da Copa América no Brasil é "disfuncional", porque há outros torneios em curso no país.
"Sou do tempo em que jogador de futebol, quando era convocado para a Seleção Brasileira, era considerado uma honra. O técnico, ele não quer mais... o Cuiabá está precisando de um técnico aí, não está? Então, leva lá, sai, pede o boné. Acho que isso é uma discussão, neste momento, totalmente disfuncional", disse Mourão.
O vice-presidente afirmou ainda que considera não ser válido misturar política e futebol e lembrou que, mesmo durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), jogadores não se recusaram a jogar pela seleção.
"Vamos lembrar que, em outros momentos, vamos dizer assim, durante o período em que havia uma contestação maior aqui no Brasil, durante o período de governos de presidentes militares, ninguém deixou de servir à seleção brasileira. Então, bobagem isso aí", afirmou Hamilton Mourão.