A torcida do Fluminense se acostumou nos últimos anos a ver seu time realizar feitos improváveis. Da fuga do rebaixamento em 2009 até a classificação para as oitavas da Libertadores de 2011, passando pela arrancada para o título brasileiro em 2010. Foi com esse espírito que 36 mil torcedores compareceram ao Engenhão nesta quarta, em busca de mais uma reviravolta. O resultado, porém, não foi o esperado.
O Fluminense honrou a presença da torcida com muita raça e entrega e uma pitada de futebol na primeira etapa. Mas a postura acuada no segundo tempo resultou em um gol sofrido no último minuto e o 1 a 1 significou a eliminação do clube carioca. Santiago Silva foi o herói da classificação do Boca Juniors para as semifinais.
Pesaram muito os desfalques de Fred e Deco, os mais experientes e de maior qualidade técnica. As ausências nas duas partidas (derrota por 1 a 0 na Bombonera, há uma semana) foram determinantes para ambos os resultados.
A história caminhava para seguir um roteiro de cinema quando Thiago Carleto abriu o placar aos 17, em cobrança de falta que contou com um desvio na barreira. Mais cedo, o lateral-esquerdo, que só jogou por causa da suspensão do titular Carlinhos, havia recebido um telefonema do pai avisando que ele iria fazer um gol de falta, como sonhara.
A postura ofensiva dos brasileiros alimentava ainda mais a esperança do segundo gol diante de um Boca Juniors desestruturado tática e emocionalmente. O copeiro time argentino vinha de sete vitórias seguidas na Libertadores e estava invicto nos jogos como visitante na competição. Mas o Fluminense se notabilizou recentemente justamente em quebrar séries assim.
Os jogadores tricolores entraram imediatamente no clima da partida. Com muita velocidade, impuseram pressão inicial e Rafael Sobis perdeu a chance de abrir o marcador. Aos quatro minutos, em jogada individual, ficou frente a Orión, mas tentou Rafael Moura e Schiavi cortou.
A pressão resultava em faltas na intermediária e foi em uma delas que Carleto tornou profético o sonho do pai. Ele chutou sem a força habitual, mas a bola desviou e morreu no canto direito de Órion.
Com um resultado que forçava a decisão por pênaltis, o Fluminense aliviou ligeiramente o ímpeto e os argentinos faziam cera. Diego Cavalieri não derramou uma gota de suor na primeira etapa.
O jogo ficou muito tenso no segundo tempo, com consequentes erros de ambos os lados e muito contato físico. O Boca aproveitou para controlar a posse de bola diante de um adversário mais temeroso de sofrer um gol do que decidido a fazer o segundo.
Nem mesmo a entrada de Wellington Nem, voltando de lesão, mudou o panorama. Com o domínio das ações, o Boca rodeou a área do oponente que chegou ao gol de empate, em arrancada de Rivero. Seu chute ainda tocou nas duas traves antes de Santiago Silva tocar para as redes aos 45. Frustração para a massa tricolor, que confiava mais uma vez na força do Time de Guerreiros.