O ganês Kevin-Prince Boateng afirmou nesta sexta-feira que, caso se repitam casos de racismo como o praticado contra ele na véspera, em amistoso do Milan contra um time da quarta divisão italiana, irá novamente se retirar de campo. E garantiu que fará isso independente da partida ser amistosa, como a de quinta, contra o Pro Patria, ou válida por torneios importante.
"Eu não ligo que partida seja - amistoso, Campeonato Italiano ou Liga dos Campeões. Eu vou sair de campo novamente" disse o jogador, alemão naturalizado ganês, em entrevista à rede de televisão CNN.
No episódio triste desta quinta-feira, o jogador, cansado das ofensas racistas vindas de parte da torcida do Pro Patria, pegou a bola com as mãos e chutou em direção às arquibancadas. Depois, tirou a camisa e se dirigiu aos vestiários, acompanhado dos seus companheiros. O árbitro do jogo, porém, tentou dissuadi-lo.
"O árbitro disse: ''não se preocupe'', mas eu disse: ''eu me preocupo isso. Isso não é muito legal''", contou Boateng. "Eu estava nervoso e triste. Tudo isso veio junto e eu disse que não queria jogar mais. Muitas emoções negativas tomaram conta de mim."
O jogador é filho de mãe alemã e pai ganês e escolheu defender Gana no futebol. Seu irmão, Jérome, atualmente no Bayern de Munique, optou por jogar pela Alemanha. Os dois romperam relações depois que, num jogo entre eles, Prince levou um tapa de Ballack e o irmão não o defendeu, ficando ao lado do companheiro de clube.
Agora Kevin-Prince aparece como um líder contra o racismo no futebol. "Fico chateado porque tive que ser eu a tomar uma atitude. Mas todas as pessoas que me apoiaram iriam me apoiar se o mesmo acontecesse num grande jogo. Jogadores como Rio Ferdinand e Patrick Vieira me apoiaram e eu apenas quero dizer obrigado", falou ele à CNN.
O presidente do Milan e ex-primeiro ministro da Itália, Silvio Berlusconi, garantiu, também nesta sexta-feira, que o clube irá apoiar decisão semelhante dos jogadores caso algum atleta volte a ser alvo de racismo, independente da importância da partida.